César Santos /defato.com
CHAMEM O VAR, POR FAVOR
O Potiguar vai decidir a sua classificação no Brasileirão da Série D longe de casa, neste domingo, 23. Enfrentará o Nacional de Patos/PB no Estádio Frasqueirão, em Natal, que pertence ao ABC Futebol Clube. Joga pelo empate, mas o adversário é o líder do Grupo A3 e, certamente, oferecerá maior resistência.
Poderia e deveria ser diferente. O alvirrubro mossoroense tinha o direito de disputar em casa, diante de sua torcida, mas a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) manteve a partida em Natal, isso porque não houve tempo para o pedido do Potiguar de jogar no Estádio Nogueirão cumprir o prazo determinado pela entidade maior do futebol brasileiro.
O prejuízo financeiro já é uma certeza. A diretoria do Potiguar terá enorme despesa para bancar o jogo no Frasqueirão, com aluguel do estádio e despesa da viagem de uma delegação com mais de 30 componentes entre jogadores, comissão técnica e equipe de apoio.
Quanto ao prejuízo técnico, os riscos são enormes. Não precisa entender de futebol para afirmar que as chances do Potiguar seriam bem maiores se o jogo fosse no Nogueirão, com a torcida presente e todas as facilidades de jogar em casa.
Isso tudo está acontecendo pela ambição do prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) de entregar a valiosa área do Estádio Municipal Manoel Leonardo Nogueira para uma empresa privada. A estratégia, que está bem clara, é “sangrar” o Nogueirão para justificar o negócio. A ideia do prefeito vem desde 2021, quando ele assinou a municipalização do estádio, jurando que a sua gestão iria revitalizar a praça de esportes.
Menos a verdade. Desde então, o Nogueirão passou a enfrentar um acelerado processo de destruição, que chegou ao ponto mais crítico no dia 28 de junho deste ano, quando um torcedor caiu em um buraco na arquibancada do estádio. As imagens vergonhosas percorreram o país e, partir dali, Allyson Bezerra levantou a voz anunciando a permuta do Nogueirão.
“Já estamos cuidando disso. Vamos realizar uma Parceria Público-Privada e vamos permutar o Nogueirão. Iremos entregar o atual local do estádio para uma empresa e a prefeitura vai entrar com um novo terreno em outro local e a empresa em tempo recorde vai realizar a obra”, anunciou. Por gravidade, as desconfianças são imensas.
A coluna colheu, em levantamento extraoficial, que uma área na dimensão onde está localizado o Estádio Nogueirão, tem valor de mercado imobiliário entre 45 a 50 milhões de reais. Trata-se do bairro Nova Betânia, onde se encontra um dos metros quadrados mais valorizados do Rio Grande do Norte.
Já a construção de um estádio para ocupação máxima entre 12 a 15 mil pessoas, também levando em conta levantamento extraoficial, custa entre 20 a 25 milhões. Não mais do que isso. Dessa forma, temos aí uma diferença entre 20 a 25 milhões entre a área do Nogueirão e o custo da obra de um novo estádio.
Pergunta-se, então: o que será feito com essa diferença? O dinheiro vai para os cofres do município? Ou a chamada PPP não terá essa “sobra” milionária?
Outros pontos também devem ser questionados, por exemplo, a área onde será construído o novo estádio é dentro do perímetro urbano? Vai beneficiar a especulação imobiliária? E quem vai bancar a urbanização da área que custará milhões com sistema de distribuição de água, de energia elétrica, pavimentação, transporte coletivo etc.?
São coisas que Mossoró não pode deixar passar. Que as instituições responsáveis pela proteção do bem público chamem o VAR para verificar se o lance do “jogador” Allyson é legal. Ou não.