O Programa Estadual de Vigilância e Controle dos Acidentes por Animais Peçonhentos (PEVCAAP), da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) divulgou o Boletim Epidemiológico dos Acidentes por Animais Peçonhentos no Rio Grande do Norte. Entre o dia 1º de janeiro e 30 de junho de 2023, a II Unidade Regional de Saúde Pública (Sesap), polarizada pelo município de Mossoró, registrou cerca de 700 acidentes com animais peçonhentos no período.
Além de Mossoró, a 2ª Região de Saúde conta com os municípios de Apodi, Areia Branca, Campo Grande, Baraúna, Caraúbas, Felipe Guerra, Governador Dix-Sept Rosado, Grossos, Janduís, Messias Targino, Serra do Mel, Tibau e Upanema.
A Sesap explica que os acidentes com animais peçonhentos como serpentes, aranhas, escorpiões, lagartas e abelhas são frequentes e podem resultar em quadros de saúde graves, podendo levar à morte, por isso o conhecimento sobre eles é de grande importância para a saúde pública.
De acordo com o levantamento mais atualizado, a região de Mossoró contabilizou 684 ocorrências no primeiro semestre do ano. O maior número de acidentes foi com abelhas, representando 60% do total de acidentes no período. Ao todo, foram 415 registros de acidentes com abelhas na região.
Na sequência vem acidentes com escorpião, que teve 141 registros, o que perfaz 20% das ocorrências registradas com animais peçonhentos. Houve ainda 72 acidentes notificados com serpentes, 56 com aranhas. Não houve registro de acidente com lagarto. Estes números colocam a II Ursap com o segundo maior registro de acidentes com animais peçonhentos entre as demais regionais de saúde no território potiguar.
A VII Regional de Saúde, que detém os municípios da Região Metropolitana do Estado, como Natal, Parnamirim, Extremoz, São Gonçalo do Amarante e Macaíba, lidera o ranking com 1.570 ocorrências. A capital potiguar, por sua vez, detém 77% do total de acidentes. Observa-se que o escorpionismo é o acidente mais expressivo em todas as regionais de saúde, com exceção da IV e VI regionais.
Nos seis primeiros meses de 2023, o Rio Grande do Norte registrou 3.524 acidentes por animais peçonhentos, sendo 2.069 por escorpiões, 1.006 por abelhas, 270 por serpentes, 150 por aranhas e 29 envolvendo lagartas. Esse tipo de acidente representa o terceiro agravo em número de notificações no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do Ministério da Saúde.
Vale ressaltar que 71,42% aconteceram na zona urbana, sendo a maioria provocada por escorpiões. Na zona rural ocorreram 28% das notificações, com predominância dos acidentes por abelhas, escorpiões e serpentes.
A Sesap ressalta que a divulgação do boletim é importante para a população e profissionais de saúde, que terão conhecimento da realidade desses casos e terão, nas informações fornecidas, um referencial de como agir diante dessas ocorrências. A enfermeira e responsável técnica pelo Programa de Vigilância em Acidentes por Animais Peçonhentos, Hércia Mariz, explica que o boletim será uma ferramenta importante para o conhecimento da população e dos profissionais de saúde. “Pretendemos fazer uma divulgação em todas as Unidades Regionais de Saúde Pública (URSAPs) com o objetivo de reduzir o número de ocorrências através da informação qualificada sobre como agir diante desses acidentes”, ressalta.
RETRANCA 2
Boletim traz informações de como se prevenir de acidentes com animais peçonhentos
A edição mais recente do Boletim Epidemiológico dos Acidentes por Animais Peçonhentos no Rio Grande do Norte traz recomendações importantes para a população evitar acidentes com animais peçonhentos. O documento está disponibilizado no site da Sesap, na Aba Serviços e contém informações completas.
Para prevenir acidentes com escorpiões, o boletim destaca que é necessário examinar roupas (inclusive as de cama), calçados, toalhas de banho, panos de chão e tapetes antes de utilizá-los; Usar luvas de raspa de couro ou similar e calçados fechados durante o manuseio de materiais de construção, transporte de lenha, madeira e pedras em geral; manter berços e camas afastadas, no mínimo 10 cm, das paredes e evitar que mosquiteiros e roupas de cama alcancem o chão; fechar buracos nas paredes, móveis e rodapés para que não sirvam de esconderijo para os escorpiões; tomar cuidado especial ao encostar-se a locais escuros e úmidos e com presença de baratas; evitar acúmulo de lixo, eliminar restos de comidas da mesa e do chão após as refeições; lavar o local com água e sabão; entre outras.
Em caso de acidentes, deve lavar o local com água e sabão; aplicar compressa de água morna no local da picada para alívio da dor; e procurar serviço de saúde mais próximo.
Já para prevenir acidente com serpentes, a Secretaria recomenda o uso calçados de cano alto quando for andar na mata; evitar andar durante a noite sem proteção dos membros inferiores; usar sempre luvas de couro ao remover alguma vegetação, lenha ou pedras; evitar acúmulo de lixo, entulhos, lenhas e resto de vegetação; não colocar as mãos dentro de buracos do solo ou em árvores; evitar a presença de ratos, um dos principais alimentos das serpentes; e ao atravessar troncos caídos, olhar sobre e atrás deles.
Em caso de acidentes recomenda-se lavar o local com água e sabão, além de manter o membro afetado elevado e se for possível, prestar atenção nas características da serpente, isso ajudará no tratamento, pois o soro é específico para cada gênero de serpente e por fim procurar serviço de saúde mais próximo.
Para a prevenção de acidentes com aranhas o documento recomenda que o cidadão deve sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, as aranhas e escorpiões podem se esconder neles e picar ao serem comprimidos contra o corpo; usar calçados e luvas de raspa de couro pode evitar acidentes; combater a proliferação de insetos para evitar o aparecimento das aranhas que deles se alimentam; e preservar os inimigos naturais de escorpiões e aranhas: aves de hábitos noturnos (coruja, joão-bobo), lagartos, sapos, galinhas, gansos, macacos, entre outros. Em caso de acidentes lavar o local da picada com água e sabão e procurar o serviço de saúde mais próximo.
Como é o caso de mais ocorrências na Região Oeste, a Sesap recomenda para prevenir acidentes com abelhas que não mexer em colmeia sem proteção; evitar ruídos altos em geral e cores vibrantes; não esmagar as abelhas (libera odor); correr em zigue-zague; e caso estiver em área de risco de acidente, entrar em contato com o órgão competente para orientação ou remoção das abelhas.
Em caso de acidentes remova ferrões e fazer a raspagem com um cartão de crédito ou com a borda de uma faca. Em caso de dor insuportável ou náuseas, vômito, dispneia, arritmias (procurar atendimento médico). A gravidade não depende do número de ferroadas, mas da sensibilidade do indivíduo.
Distribuição das notificações dos acidentes por regional de saúde segundo grupo animal no RN em 2023:
I URSAP
Serpente: 12
Aranha: 8
Escorpião: 239
Lagarta: 3
Abelha: 78
Total: 340
II URSAP
Serpente: 72
Aranha: 56
Escorpião: 141
Lagarta: 00
Abelha: 415
Total: 684
III URSAP
Serpente: 14
Aranha: 9
Escorpião: 173
Lagarta: 3
Abelha: 94
Total: 293
IV URSAP
Serpente: 42
Aranha: 12
Escorpião: 78
Lagarta: 00
Abelha: 148
Total: 280
V URSAP
Serpente: 10
Aranha: 9
Escorpião: 97
Lagarta: 00
Abelha: 72
Total: 188
VI URSAP
Serpente: 40
Aranha: 8
Escorpião: 42
Lagarta: 00
Abelha: 79
Total: 169
VII URSAP
Serpente: 80
Aranha: 48
Escorpião: 1.299
Lagarta: 23
Abelha: 120
Total: 1.570