Estatal foi vendida por Temer e Bolsonaro e tem os direitos de uso de marcas da Petrobras nos postos da rede. Presidente da estatal, Jean Paul Prates classificou a privatização como “passo muito infeliz”.
A Petrobrás informou a Vibra Energia, empresa criada para administrar a BR Distribuidora após a privatização, que não vai renovar o contrato de licença de uso das marcas da companhia, que teve início em 28 de junho de 2019 e vai até 28 de junho de 2029.
“A não renovação da licença permitirá a eventual avaliação de novas estratégias de gestão de marca e oportunidades de negócios para a Petrobras”, informou a estatal no comunicado.
Presidente da Petrobras, Jean Paul Prates já criticou por diversas vezes a privatização da BR Distribuidora.
“Uma empresa de petróleo tradicional tem exploração e produção, refino, gás e, de alguma forma, comercialização que chega ao consumidor final. Essa última parte, infelizmente, nós teremos que reconstruir, porque nós nos afastamos disso quando vendemos a BR. Infelizmente esse foi um passo que foi muito infeliz ao meu ver”, disse Prates em evento do BNDES em outubro.
A BR Distribuidora foi uma das primeiras empresas estatais vinculadas à energia que viraram alvo da cobiça dos neoliberais após o golpe contra Dilma Rousseff (PT) em 2016.
Sob o governo golpista de Michel Temer (MDB), a estatal, que tinha função estratégica na regulagem de preços dos combustíveis no mercado interno, abriu o capital, vendendo 28,75% de suas ações na Bolsa de Valores.
Em julho de 2019, já sob governo Jair Bolsonaro (PL), a Petrobrás desfez de 71,25% das ações, cedendo o controle da empresa.
O restante das ações foi vendido em julho de 2021, quando o ex-banqueiro Ronaldo Cezar Coelho, que chegou a ser deputado federal pelo PSDB, se tornou o maior acionista da BR Distribuidora por meio do Samambaia Master Fundo de Investimento em Ações.
A mudança para a Vibra foi realizada em agosto de 2021, quando o economista Wilson Ferreira Junior já comandava a empresa.
Aliado de Temer, Ferreira Junior foi uma dos principais executivos à frente da privatização de setores de energia do país.
Durante o governo Temer, comandou a Petrobrás, tendo sido um dos responsáveis pela implantação e manutenção PPI (Programa de Preço por Paridade Internacional), que elevou os preços dos combustíveis nos últimos dois períodos.
Após o golpe, ele assumiu o comando da Eletrobras até maio de 2021, voltando à empresa pelas mãos de Jair Bolsonaro em 2022, durante o processo de venda da estatal.
Ferreira Júnior renunciou ao cargo na Eletrobras em agosto deste ano, um dia antes do apagão que atingiu 25 estados e o Distrito Federal.
Em coletiva de imprensa, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, admitiu a possibilidade de uma sabotagem ter causado o apagão nacional.