Gestão Allyson Bezerra contrata a empresa Servnews Gestão e Locação de Mão de Obra para ampliar a terceirização no serviço público municipal. Por um ano de contrato, entre outubro de 2025 a outubro de 2026, o município vai pagar mais de R$ 65 milhões
Da Redação do Jornal de Fato
A gestão do prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) contratou a empresa Servnews Gestão e Locação de Mão de Obra para ampliar a terceirização no serviço público municipal. Por um ano de contrato, entre outubro de 2025 a outubro de 2026, o município vai pagar mais de R$ 65 milhões. O caso levanta suspeita, uma vez que mais de mil trabalhadores serão contratados justamente às vésperas de ano eleitoral, sendo que o prefeito é pré-candidato a governador.
O contrato milionário foi denunciado pela vereadora Marleide Cunha (PT), que chama a atenção para o risco de a atual gestão municipal aumentar o “rombo” nas contas públicas. “Estamos falando de um endividamento que quem vai pagar a conta é o povo”, afirma.
Os números, de fato, são preocupantes. Conforme o contrato publicado no Diário Oficial do Município (DOM), a Prefeitura de Mossoró vai gastar R$ 65.360.702 com 1.060 servidores terceirizados da empresa Servnews. A calculadora revela que o gasto médio por trabalhador será de R$ 61.661/ano, o que dá uma média mensal R$ 5.138,41.
São ao todo 14 contratos com a mesma terceirizada, o maior deles é na Secretaria Municipal de Educação no valor de R$ 26.714.022,48.
Marleide Cunha alerta para o interesse eleitoral de Allyson Bezerra, uma vez que o pré-candidato a governador passa a ter à disposição mais de 2 mil trabalhadores indicados para o serviço público municipal. São 1.060 servidores terceirizados da empresa Servnews e mais de 1.000 em cargos comissionados. Os contratados são indicados pelo prefeito, pela primeira-dama Cinthia Pinheiro, pelos 17 vereadores da bancada governista, além de correligionários.
Curiosamente, segundo apurou Marleide Cunha, o novo contrato se encerra no início de outubro de 2026, justamente às vésperas das eleições. “Tudo arquitetado e planejado para ter ganhos políticos em relação a esses contratos”, denunciou.
A desconfiança da vereadora é sustentada pelo perfil dos servidores terceirizados e comissionados. Todos, sem exceção, são contratados de acordo com o lado político. Na campanha municipal de 2024, eles se multiplicaram nas ruas de Mossoró participando de mobilizações e defendendo a reeleição do prefeito.
Marleide Cunha espera que os órgãos de controle observem o que está acontecendo em Mossoró. “O que está em jogo aqui não é o fortalecimento do serviço público, nem a melhoria de vida do povo. É o uso da máquina pública para fins políticos e eleitorais, comprometendo o futuro financeiro da cidade em nome de um projeto de poder”, escreveu em suas redes sociais.
Em campanha
Allyson Bezerra está no primeiro ano de sua segunda gestão na Prefeitura de Mossoró, mas se prepara para deixar o cargo e concorrer às eleições 2026. Pré-candidato a governador, ele tem cumprindo extensa agenda na cidade e em outras regiões do estado.
O prazo para desincompatibilização se encerra no dia 4 de abril, mas ele deverá renunciar ao cargo antes deste prazo. A data de saída está condicionada à conclusão do novo anel viário da cidade. Allyson pretende deixar o cargo no dia da inauguração da obra, prevista para a última semana de dezembro.
O prefeito aparece liderando as pesquisas de intenção de votos publicadas até aqui, em um cenário de disputa direta com o senador e pré-candidato a governador Rogério Marinho (PL).
Confira os valores dos contratos
– Secretaria Municipal de Gestão de desenvolvimento de pessoas: R$ 835.672,53 (14 terceirizados);
– Secretaria Municipal de Esportes e Lazer: R$ 724.409,19 (12 terceirizados);
– Secretaria Municipal de Serviços Urbanos: R$ 6.235.417,42 (94 terceirizados);
– Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico: R$ 5.254.024,65 (92 terceirizados);
– Secretaria Municipal de Governo: R$ 2.432.210,57 (43 terceirizados);
– Procuradoria Geral: R$ 483.820,88 (9 terceirizados);
– Secretaria Municipal de Infraestrutura: R$ 6.765.059,97 (111 terceirizados);
– Secretaria Municipal de Agricultura e Desenvolvimento Rural: R$ 4.858.114,25 (70 terceirizados);
– Secretaria Municipal de Cultura: R$ 2.491.543,68 (45 terceirizados);
– Secretaria Municipal de Administração: R$ 5.942.083,77 (76 terceirizados);
– Secretaria Municipal da Fazenda: R$ 1.020.934,32 (18 terceirizados);
– Secretaria Municipal de Programas e Projetos Estratégicos: R$ 297.355,64;
– Secretaria Municipal de Segurança e Defesa Civil: R$ 1.306.033,09 (22 terceirizados);
– Secretaria Municipal de Educação: R$ 26.714.022,48 (449 terceirizados).
Fonte: Blog do Bruno Barreto
Allyson aumenta “rombo” nas contas públicas para mais de R$ 600 milhões
A gestão do prefeito Allyson Bezerra é um péssimo exemplo no trato do dinheiro público. Gasta mais do que arrecada. Na calculadora simples, a conta fica no vermelho. O desmantelo nas contas públicas do município veio a público no início deste mês, com a relação de um “rombo” de mais de meio bilhão de reais.
De acordo com o Relatório da Gestão Fiscal (RGF), enviado pela Prefeitura de Mossoró ao Tribunal de Contas do Estado (TCE/RN), a Dívida Consolidada Líquida (DCL) até agosto de 2025 alcança R$ 610.639.267,27. O valor é quase metade do orçamento anual do Município, que estre ano foi de cerca de R$ 1,3 bilhão.
A Dívida Consolidada Líquida é o principal indicador do endividamento do município. É o total de dívidas de longo prazo que a gestão tem, como empréstimos e financiamentos. A DCL mostra o tamanho real da dívida que ainda precisa ser paga, depois de descontados os recursos disponíveis.
Os números, no vermelho, foram reportados pelo jornalista Bruno Barreto em seu blog e pela jornalista Carol Ribeiro, editora de política do jornal Diário do RN.
“De acordo com o relatório que consta no TCE, R$ 478.954.340,56 são de dívidas contratuais, sendo a maior parte, R$ 312.386.756,40, de empréstimos. Outros R$ 166.567.584,16 são referentes à renegociação de dívidas, sendo R$ 163.389.542,94 de dívidas tributárias. Precatórios posteriores a 2025, vencidos e não pagos, são da ordem de R$ 127.877.116,75”, revela a reportagem assinada por Carol Ribeiro.
De acordo com o material jornalístico de Bruno Barreto, Mossoró mais que dobrou sua dívida nos últimos quatro anos da gestão Allyson Bezerra: saltou de R$ 233,2 milhões em 2020 para R$ 509,2 milhões em 2024, um aumento de 118%. Em relação a 2016, quando era de R$ 174,9 milhões, o crescimento chega a quase 200%.
Com os números atualizados pelo Diário do RN, de 2024 até agosto de 2025, a dívida de Mossoró já aumentou mais 100 milhões de reais.
Para especialistas em contas públicas, a gestão Allyson gasta mal os recursos e a consequência é que o município fica sem dinheiro próprio para fazer investimentos. As obras realizadas são quase a totalidade bancada pelo Finisa, contratado ainda na gestão da ex-prefeita Rosalba Ciarlini, empréstimo junto à Caixa e transferências federais por meio de emendas parlamentares.
Há um receio de que o município, se não adotar medidas austeras, caminha para a insolvência financeira. Isso ocorrendo comprometerá obrigações básicas como manter salário em dia e os serviços essenciais em funcionamento.