O vereador Paulo Igo gravou vídeo, que circula nas redes sociais, denunciando o abandono em que se encontra a Biblioteca Municipal de Mossoró Ney Pontes Duarte. Estrutura deteriorada, com rachaduras nas paredes, teto comprometido e sem bibliotecário
Coluna César Santos / Jornal de Fato
O vereador Paulo Igo (Solidariedade) gravou vídeo, que circula nas redes sociais, denunciando o abandono em que se encontra a Biblioteca Municipal de Mossoró “Ney Pontes Duarte”, sediada no antigo prédio da União Caixeiral, na Praça da Redenção, Centro.
Estrutura deteriorada, com rachaduras nas paredes, teto comprometido, sem climatização nas salas, elevador sem acesso com uma pilha de móveis na porta.
Também falta bibliotecário e renovação do catálogo de livros. Segundo o vereador, os livros que são doados estão estocados em uma sala onde não têm serventia alguma.
A denúncia é grave, mas não é de hoje que o poder público municipal é questionado sobre a situação de abandono da Biblioteca Municipal. Estudantes, professores, pesquisadores que procuram o local para enriquecer seus conhecimentos, retornam sem alcançar o objetivo, exatamente porque o local não oferece condições mínimas.
Em 2021, surgiu um alento quando a Secretaria Municipal de Cultura foi transferida do Centro Administrativo para o prédio da biblioteca. Esperava-se, a partir daí, investimento de recuperação do imóvel e revitalização da casa da leitura e de pesquisa. Nada foi feito.
A gestão municipal deve receber a denúncia de Paulo Igo não como um ataque de adversário, mas como uma colaboração para corrigir o que está errado. A partir daí, deve investir para recuperar a biblioteca. É uma obrigação. Urgente, que se que diga.
A Biblioteca Pública Municipal foi criada em 5 de abril de 1948, por meio do Decreto Executivo 4, assinado pelo prefeito Jerônimo Dix-sept Rosado Maia, e inaugurada no dia 30 de setembro daquele ano, durante as celebrações da Abolição da Escravatura. Também naquele 5 de abril de 48, o prefeito criou o Museu Histórico Lauro da Escóssia, que também surgiu para guardar o acervo da cidade e proteger a memória e a cultura dos mossoroenses.
Vereador Paulo Igo observa acervo abandonado da biblioteca (foto: Paulo Igo)
A criação da biblioteca foi uma luta vitoriosa liderada pelo professor e historiador Jerônimo Vingt-un Rosado Maia, inserida no programa de governo de Dix-sept. Somaram-se homens como José Ferreira, Rafael Negreiros, João Damasceno e José Romualdo. Eles formaram comissão e conseguiram as primeiras doações de livros. Padre Motta doou uns 300 livros. O Clube Ipiranga doou a própria biblioteca e sediou o primeiro endereço da biblioteca.
Depois do Clube Ipiranga, a Biblioteca Municipal funcionou no prédio onde existiu “Foto Rodrigues” na Rua 30 de Setembro, depois se transferiu para a antiga cadeia pública; também funcionou em imóveis na Praça Bento Praxedes (Praça do Codó) e Avenida Dix-sept Rosado, no Centro. Foram cinco sedes até 15 de julho de 2006, quando a Biblioteca chegou ao prédio histórico da União Caixeiral.
O primeiro acervo tinha pouco mais de mil obras, mas logo recebeu mais livros, volumes e periódicos. A doação mais expressiva foi feita por Ney Pontes Duarte, um militar aposentado detentor de um grande acervo cultural. Além de doar o próprio acervo, Ney ainda comprava livros para fazer mais doações, chegando a doar mais de 4 mil livros de vários temas. Em 1996, ele teve o seu trabalho reconhecido e a Biblioteca Municipal recebeu o seu nome.
A Biblioteca Municipal Ney Pontes Duarte conta com cinco acervos com milhares de exemplares de livros e documentos. Os acervos são classificados por Infantil, Geral, Referência, Obras Raras e Coleção Mossoroense/Norte-rio-grandense.
Hoje, precisa da boa vontade da gestão municipal.