O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou nesta segunda-feira 18 em entrevista ao jornal norte-americano The Washington Post, que não pretende recuar em suas decisões relacionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mesmo após sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos.
“Não existe a menor possibilidade de recuar nem milímetro sequer”, afirmou Moraes, acrescentando que a Justiça brasileira seguirá seu curso: “Faremos o que é certo: receberemos a acusação, analisaremos as provas, e quem deve ser condenado será condenado, e quem deve ser absolvido será absolvido”.

Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) – Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
As sanções, aplicadas por meio da Lei Magnitsky, bloqueiam eventuais bens do ministro nos EUA, proíbem transações com cidadãos e empresas americanas e foram justificadas pelo governo norte-americano como resposta a uma suposta “caça às bruxas” contra Bolsonaro. Moraes, entretanto, ressalta que a ação penal tramita conforme os procedimentos legais brasileiros.
Na entrevista, o ministro também comentou o julgamento do chamado núcleo crucial da trama golpista, que inclui Bolsonaro e outros sete réus, marcado para ocorrer entre 2 e 12 de setembro na Primeira Turma do STF. Moraes foi chamado pelo Washington Post de “xerife da democracia” e explicou que suas decisões, incluindo sanções a redes sociais como o X, de Elon Musk, tiveram repercussão internacional.
O ministro afirmou ainda que críticas de apoiadores de Bolsonaro se baseiam em “narrativas falsas” que prejudicam a relação histórica entre Brasil e Estados Unidos. “Essas narrativas falsas acabaram envenenando o relacionamento — sustentadas pela desinformação nas redes sociais. O que precisamos fazer é esclarecer as coisas”, disse.
Sobre o impacto pessoal das sanções, Moraes reconheceu que não é agradável, mas reforçou que a defesa da democracia e a continuidade das investigações são prioritárias: “Enquanto houver necessidade, a investigação continuará”.
O episódio ocorre em um contexto de tensão entre Brasil e EUA, que recentemente impuseram tarifa de 50% a produtos brasileiros, e reforça o protagonismo de Moraes na condução do caso que investiga uma suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022.