Por Amina Costa / Repóter do JORNAL DE FATO
Mossoró tem muitos prédios históricos, que retratam um pouco da cultura e dos momentos vividos em décadas passadas. Há 15 dias, a história de Mossoró voltou a ser resgatada após a reabertura do Café Mossoró, ambiente bastante frequentado por famílias que iam tomar a salada de frutas com sorvete, pastel e outros lanches. No espaço, é possível reviver memórias e sentir a história sendo recontada.
O Café Mossoró surgiu no ano de 1960 e no ano de 1974 foi transferido para o prédio que fica localizado na Rua Doutor Antônio de Souza, no Centro de Mossoró. No ano de 2005, as atividades do local foram finalizadas e o prédio permaneceu fechado até o final do mês de julho, quando empresários da cidade resolveram reabri-lo.
A reportagem do JORNAL DE FATO conversou com George Lázaro de Medeiros, um dos empresários que retomaram com projeto, relembrando só bons tempos do Café Mossoró. George fala que a sua ideia inicial quando alugou o ponto era de abrir um espetinho, já que ele já tem bastante experiência nesse ramo. “A minha ideia era abrir o Espetinho do George, que estava fechado desde o início da pandemia, naquele ponto”, disse.
“Eu não tive a ideia de abrir utilizando o nome Café Mossoró, não almejava isso, mas foi uma dádiva de Deus, algo soberano que não consigo explicar. Na época, um amigo meu, que hoje é meu sócio, ligou para mim dizendo que o prédio estava para alugar e me propôs a alugar com ele. Negociamos e terminamos alugando para montar o espetinho, mas com o início das reformas eu recebi muitas visitas, cerca de 40 por dia, durante 20 dias, nas quais as pessoas perguntavam se ia vender os produtos que o Café Mossoró vendia”, comenta o empresário.
Entre os alimentos questionados pelos visitantes estava a salada de frutas com sorvete, que era um dos carros chefes do Café Mossoró antes do encerramento das atividades, em 2005. “As pessoas me perguntavam se ia vender suco, salada de frutas, lanches como cachorro quente, pastel, sorvete. Isso foi tão louco que eu mudei a minha ideia inicial e decidi com o meu sócio que não abriríamos mais à noite, mas, sim, durante o dia. Decidimos que íamos abrir às 4h como Francisquinho, o antigo dono, fazia e seguir o cardápio dele”, lembra George Lázaro.
O empresário explica que sentiu dos próprios clientes a vontade de que o local fosse reaberto do jeito que era antes. Hoje, o Café Mossoró funciona das 4h às 17h, oferecendo um cardápio variado, que vai além dos lanches. “Foram os próprios saudosistas da ideia do Francisquinho que nos motivaram a reabrir o Café Mossoró. Abrimos às 4h e já começamos a vender buchada, panelada, carneiro; depois vem o horário do café da manhã e vendemos sucos, lanches como cuscuz, pastel, cachorro quente; no horário do almoço temos um self-service com comidas variadas e no período da tarde voltamos a vender os lanches”.
O empresário cita ainda a grande referência que o local é para os mossoroenses e para pessoas de outras cidades. “O Café Mossoró é uma referência para os taxistas, para as pessoas de outras cidades e até para as pessoas daqui, para os jovens e também para os idosos. Então, percebi que aquela ideia inicial de ter o meu nome na frente do estabelecimento não seria nada diante de toda a grandiosidade do local. Eu tinha que deixar esse projeto seguir e foi assim que a gente se motivou a manter o nome Café Mossoró”, aponta.
Ozanan Moreira Filho, sócio de George neste novo momento do empreendimento, fala que esta foi uma oportunidade ímpar. “Está sendo incrível ver o cliente que frequenta o ponto. Percebemos que não é um cliente novo, mas, sim, clientes de anos atrás e que voltaram aos hábitos de antes. Não parece que o local passou 17 anos fechado, porque para eles é como se sempre tivesse aberto. Temos uma clientela viva e fiel”, afirmou.
Questionado sobre os desafios de reabrir um estabelecimento histórico, George Lázaro explica que sente que este é um dos seus maiores desafios, já que ele assumiu a responsabilidade de continuar com um espaço que por muitos anos foi o ponto de encontro dos mossoroenses. “O desafio é gigante e eu não vou conseguir demonstrar a grandeza que é aquele local. Para se ter ideia, as pessoas cobraram uma salada de frutas com sorvete, já fiz testes e estou, inclusive, testando uma receita para fazer um sorvete que se aproxime ao que era vendido anos atrás”.
Doziteu e George Lázaro, os novos gstores do Café Mossoró
Os idosos vão ao local para relembrar momentos vividos durante os mais de 30 anos que o local esteve aberto.
O sentimento saudosista é o que tem levado muitas pessoas a frequentar novamente o Café Mossoró, que reabriu há 15 dias. George Lázaro, empresário que alugou o ponto e deu continuidade ao projeto, comenta ainda que uma boa parte do seu público é formada por pessoas com mais de 60 anos, que são justamente aquelas que viveram os grandes tempos do Café Mossoró, especialmente na década de 1990.
“Abri no dia 2 de agosto, uma terça-feira, e na quinta-feira tinham mais de 40 idosos que queriam comer pastel e salada de fruta com sorvete, na tentativa de relembrar a época deles. Foram senhores e senhoras que estavam se deliciando com aquele momento”.
O empresário informa ainda que está muito surpreso com a aceitação do público, principalmente com a propaganda boca a boca que está sendo feita em relação à reabertura do local. “Eu cheguei em Mossoró em 1986 e até hoje eu não conheço algo que reabriu com tanta repercussão sem precisar fazer mídia ou divulgação. Eu não fiz mídia nenhuma, não fiz instagram ainda e não postei nada nas redes sociais. As pessoas, amigos e clientes, que estão vindo aqui e divulgando”.
George relata que mesmo com a adesão do público mais idoso, muitos jovens estão frequentado o local para voltar a ter boas lembranças com pais e avós. Ele comentou que pessoas que perderam os pais foram ao local e relembraram, com emoção, o local que sentavam para comer com seus pais. “Teve um rapaz que mostrou uma foto dele com quatro anos, ao lado do pai. Agora, ele trouxe o filho, que também tem quatro anos para apresentar o espaço e reviver as memórias. E não era capaz de imaginar a aceitação que teria e só agradeço a Deus por cada pessoa que frequenta, que vai com sorriso no rosto e alegria”, finaliza.