Ex-candidato a deputado estadual e a vice-prefeito de Mossoró, o empresário Jorge do Rosário está de volta ao Partido Liberal para ser candidato nas eleições 2026. Mas, ele garante que o projeto do PL vai além da disputa eleitoral do próximo ano
Por César Santos / Jornal de Fato
Empresário bem-sucedido na construção civil e político por natureza, Jorge do Rosário está de volta ao Partido Liberal (PL). Ele aceitou o convite para assumir a presidência da legenda em Mossoró e, no combo, ser candidato a deputado estadual nas eleições 2026. Será a terceira vez que ele tentará se eleger à Assembleia Legislativa do Rio Grande Norte. Em 2018 e 2022, apesar da boa votação, acabou ficando de fora da lista dos 24 eleitos. Agora, Jorge entende que será diferente, uma vez que o PL está construindo nominata forte capaz de eleger um bom número de deputados. Para falar sobre a nova missão e como ele projeta as eleições do próximo ano, Jorge do Rosário tomou o “Cafezinho com César Santos” na sede do Jornal de Fato. Ele mergulha na nova fase do PL, diz como pretende fortalecer o partido em Mossoró e aposta na candidatura do senador Rogério Marinho a governador do Rio Grande do Norte. Confira:
O senhor está retornando ao PL em momento bem delicado por tudo que envolve o líder nacional ex-presidente Jair Bolsonaro. Qual a motivação que o senhor encontrou para aceitar o retorno e, além disso, assumir a presidência local do partido?
O meu retorno ao PL acolhe o convite que recebi do presidente estadual do partido, senador Rogério Marinho, e dos amigos que fazem parte do grupo partidário. Sinto-me estimulado pelo desafio que nos foi dado para que a gente possa ocupar espaço em Mossoró e região. É um espaço que está vago e vejo que é necessário que alguém reforce o grupo justamente para alavancar a cidade e a região no contexto político estadual. Nós estamos praticamente sem representação política e isso é muito ruim para uma cidade importante como é Mossoró. Eu tenho dito sempre que a locomotiva do Rio Grande do Norte é Mossoró e região, basta ver a nossa pauta de exportação, as nossas atividades produtivas, a economia regional, que mostram a importância de nossa cidade e cidadão. Mas infelizmente estamos sem representação política que possa defender os nossos interesses coletivos, que possa lutar por nossas demandas justas, no sentido de promover as condições ideais para o crescimento econômico e social.

O PL é a cara do bolsonarismo e da direita mais radical, mas o senhor, por natureza, tem uma postura moderada, de diálogo, de conciliador. Como o senhor acredita ser possível liderar um partido, mesmo a nível local, diante de uma plateia radical?
Pelo fato de eu ser moderado, escuto muito as pessoas, tenho paciência para ouvir todas as vertentes, as opiniões, e acho que isso nos ajudará a conduzir o PL de Mossoró. Quem vai liderar precisa ter essa capacidade, então, eu vou ouvir a todos e, ao final, vou procurar conduzir o partido para o melhor caminho. A minha missão, em primeiro lugar, é fortalecer o partido, fortalecer o nosso grupo e prepará-lo para os desafios que se apresentam. Entendemos que precisamos construir um projeto sólido para o Rio Grande do Norte, a partir de Mossoró e região. Então, vou trabalhar nesse sentido e, como moderador, buscarei o diálogo, ouvirei todas as opiniões, sempre procurando conduzir a todos ao mesmo caminho.
Esse projeto para o Rio Grande do Norte, como o senhor cita, passa pelas eleições 2026 e uma candidatura própria ao governo do estado?
Eu acredito que sim. Tem a pré-candidatura de Rogério Marinho, que nós temos a responsabilidade de defender por acreditar que é o melhor para o nosso estado. Rogério é um quadro importante da política nacional, tem conhecimento da situação do Rio Grande do Norte e tem a coragem para tomar as medidas necessárias no sentido de colocar o nosso estado no caminho melhor. O Rio Grande do Norte tem uma situação muito delicada, e não é de hoje, e precisa ter alguém com essa capacidade para liderar o processo de recuperação.
Mesmo afirmando que é pré-candidato a governador do RN, Rogério Marinho é sempre questionado se realmente disputará as eleições 2026, como se houvesse alguma dúvida. Daí, a pergunta: a postulação de Rogério é para valer, ele realmente será candidato a governador?
A pré-candidatura de Rogério Marinho está posta e se apresenta forte para disputar o governo nas eleições do próximo ano. Todas as vezes que estive com ele, inclusive no último fim de semana em Mossoró, ele tem afirmado que disputará para ganhar as eleições. Então, eu não tenho motivo para duvidar dessa candidatura. Agora, evidentemente que surgem especulações até pelo fato da importância de Rogério Marinho no cenário estadual e nacional. Mas ele tem afirmado o projeto de disputar o governo e nós não temos motivos para duvidar de sua palavra.
O senhor vai para a terceira disputa à Assembleia Legislativa. Nas duas vezes anteriores, em 2018 e 2022, apesar da boa votação, não se elegeu em razão da legenda. Para 2026, qual a garantia que o senhor tem do PL para ter uma nominata capaz de viabilizar a sua eleição?
O PL está formando um grupo muito forte para as eleições de 2026. Nós estamos confiantes de que será possível formar uma nominata capaz de eleger um bom número de deputados estaduais. Nas vezes anteriores que fui candidato a deputado estadual, recebi boas votações, e sempre estive entre os 24 mais votados, que é justamente o número de vagas na Assembleia Legislativa, mas em razão das regras eleitorais, acabei não me elegendo. Eu tive votação de deputado, só não consegui o mandato. Acredito que agora será diferente. Temos um partido grande, forte, bem estruturado, que vai nos oferecer a oportunidade de disputar as eleições com boas chances de vitória. Estamos construindo uma rede de apoio que nos deixa muito otimistas para 2026.

Quando o senhor fala sobre uma rede de apoio, está se referindo ao contexto geral do PL ou a sua postulação para deputado estadual?
O PL está se fortalecendo em todos os sentidos, tanto para a disputa majoritária quanto para as eleições proporcionais. Quando eu falo em rede de apoio em Mossoró e região, também estou me referindo a nossa pré-candidatura a deputado estadual. Estamos começando esse trabalho de forma muito otimista, pela maneira como retornei ao PL, pelo convite que recebi de Rogério Marinho e pelo apoio do grupo de amigos que tenho dentro do partido. Isso nos faz acreditar que é possível conquistar um mandato de deputado estadual. Posso afirmar que dessa vez será bem diferente como foi nas vezes anteriores em 2018 e 2022.
Esse novo projeto do PL de Mossoró, que o senhor vai liderar, visa ir além das eleições 2026, por exemplo, assumir o comando da oposição local?
O nosso projeto não é apenas para uma disputa eleitoral, ele vai além disso. Mossoró, por sua importância no contexto político estadual, precisa de uma oposição forte, atuante, coisa que não existe nesse momento. Então, uma das nossas missões será estabelecer um grupo forte de oposição para estabelecer um debate de ideias e de projetos para a cidade. É bom deixar claro que a oposição, que nós vamos trabalhar para construir, é a maneira de colocar em discussão os interesses de Mossoró. A oposição tem um papel importante, porque em qualquer cidade, estado ou país, em qualquer democracia, é a oposição que legitima o governo. Então, posso afirmar que vamos ter uma oposição forte, vamos trabalhar nesse sentido, porque a cidade não pode continuar da forma que está sendo conduzida.
Essa é uma crítica a gestão do prefeito Allyson Bezerra?
Estamos falando de uma forma geral, com base no que Mossoró está vivendo. Veja que aqui é quase um crime fazer oposição, uma coisa absurda. Eu, particularmente, se fosse o prefeito da cidade gostaria de ter uma oposição atuante, que pudesse apontar os erros ou sugestões, porque isso iria nos ajudar a governar melhor. Quero dizer que nós vamos fortalecer o PL, já estamos iniciando esse trabalho, e no passo seguinte vamos procurar outros agentes políticos para construir uma frente de oposição forte e atuante, no sentido de defender o melhor caminho para a nossa cidade de Mossoró.

O senhor falou que Mossoró não tem representatividade política na Assembleia Legislativa, embora a cidade tenha a deputada estadual Isolda Dantas (PT). Essa crítica que o senhor faz leva em conta a quantidade ou qualidade de mandato?
Uma coisa leva a outra. A quantidade numérica culmina com ações. Mossoró já teve quatro deputados estaduais e dois deputados federais na mesma legislatura e se tivesse mantido essa representatividade, certamente as ações políticas hoje estariam em outro nível. O povo de Mossoró precisa fazer essa reflexão. A nossa cidade perdeu muito em não ter uma representação política forte como ela já teve no passado. Veja que na hora da divisão do bolo, que já não é tão grande no nosso estado, isso tem um peso muito importante. Basta observar as ações do governo, para onde vai a maior parte dos recursos, para onde o governo direciona as prioridades. Mossoró tem ficado para trás. Tudo se resolve por meio da política e se você não tem representação política para lutar em prol do seu povo, as coisas ficam muito mais difíceis. É o que acontece hoje com a nossa cidade.
Mesmo sendo o segundo maior colégio eleitoral do estado, Mossoró elegeu apenas a deputada Isolda Dantas em 2022. Os votos foram distribuídos aos candidatos de outras regiões. Há quem afirme que foi uma manifestação de rejeição aos grupos tradicionais da cidade, como os Rosado. O senhor vê dessa forma?
Pode ter sido isso. Nós estamos vivendo uma transição política em nossa cidade como parte de um processo que acontece em outros municípios e no estado. Novas lideranças surgem e acabam ocupando os espaços. É importante que a cidade entenda esse processo e ocupe os espaços com os nossos próprios representantes. Por isso, defendo que a gente estimule os jovens para a política, que despertem o interesse pela vida pública, porque serão justamente eles que vão conduzir esse processo. Quando me perguntam porque entrei para a política, eu respondo que fui estimulado para essa atividade. Agora mesmo que aceitei voltar para o PL e ser candidato a deputado estadual mais uma vez, fui estimulado pelo senador Rogério Marinho, que me fez ver a importância do nosso nome nesse processo. Também me sinto estimulado pelo próprio sentimento de que eu sou devedor ao povo de Mossoró e do Rio Grande do Norte por tudo que conquistei na minha vida e preciso retribuir isso de alguma forma.
Como assim?
Eu sempre estudei em escola pública, em faculdade pública, na estrutura de educação que é bancada pelo dinheiro do povo. Então, sinto-me extremamente devedor de tudo isso, daí, vejo na política o caminho para que eu possa retribuir de alguma forma. A gente faz algumas ações individuais, ajuda de alguma forma pontual, participa de ações em prol da nossa cidade e região, mas na política você pode ampliar mais as possibilidades de defender bandeiras, defender lutas, projetos, que possam melhorar a vida das pessoas. Então, com um mandato a gente pode dar uma amplitude maior a essas ações. É aí que eu me sinto estimulado para fazer política no sentido maior e colocar o meu nome à disposição mais uma vez.