por Redação Tribuna do Norte
Nesta sexta-feira (15), Mossoró completa 172 anos de emancipação política. Sua fundação remonta ao ano de 1852, quando a região era conhecida por suas vastas plantações de algodão, incentivadas pela abolição do tráfico transatlântico de escravos. Além da importância econômica, que se ampliou com a produção de sal, petróleo e a fruticultura, Mossoró é marcada por diversos fatos históricos e de pioneirismo.
Com a população superior aos 300 mil habitantes, a cidade tem a maior extensão territorial entre os 167 municípios potiguares, com 2.099,334 km², e o PIB per capita é de R$ 26.570,03. Em Mossoró ocorre o maior São João do Rio Grande do Norte, que está também entre os quatro maiores do Nordeste, o “Mossoró Cidade Junina”.
Ao longo da história, a cidade se destacou na garantia de direitos às mulheres e também na abolição da escravidão, libertando as pessoas escravizadas antes mesmo da Lei Áurea.
Confira mais algumas curiosidades sobre Mossoró:
1 – Origem
A nossa origem dos mossoroenses remete aos índios Monxorós, cujo perfil descrito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de estatura baixa, ágeis, com formato da cabeça achatado e hábeis guerreiros.
Segundo estudos do pesquisador potiguar Luiz Câmara Cascudo, citado pelo IBGE, as primeiras penetrações na área do que hoje é o município de Mossoró teriam ocorrido por volta de 1600. Cartas e documentos da época falavam sobre o encontro de salinas, que foram exploradas pelos holandeses Gedeon Morris de Jonge e Elbert Smiente até 1644.
2 – Motim das Mulheres
Em 30 de agosto de 1875, mulheres de Mossoró, lideradas por Ana Rodrigues Braga (Ana Floriano), saíram em passeata pelas ruas da cidade protestando contra a obrigatoriedade do alistamento militar. O fato ficou conhecido como o Motim das Mulheres e é motivo de orgulho até hoje para os mossoroenses.
As mulheres protestaram contra a regulamentação do recrutamento do Exército e Armada pelo gabinete do Visconde do Rio Branco, durante o reinado de Dom Pedro Segundo. Utilizando panelas, frigideiras, conchas e colheres de pau, Ana Floriano e as mulheres foram até a Igreja Matriz de Santa Luzia e rasgaram os editais fixados no quadro de avisos. Em seguida, se dirigiram à casa do escrivão do juiz de Paz e tomaram e rasgaram o livro e os papéis relativos ao alistamento.
3 – Voto feminino
O voto feminino e secreto foi introduzido no Código Eleitoral Provisório de 1932, elaborado no governo de Getúlio Vargas, dois anos após a Revolução de 30. Segundo a legislação, era eleitor “o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo”, alistado conforme determinava a lei. Somente em maio de 1933, na eleição para a Assembleia Nacional Constituinte, a mulher brasileira pode, pela primeira vez, exercer o direito de votar e ser votada em âmbito nacional. Porém, antes de 1932, algumas mulheres já haviam exercido o direito de votar no país. A primeira delas foi a professora Celina Guimarães Viana, que se alistou e votou em abril de 1928, em Mossoró.
Naquele ano, o Poder Judiciário local permitiu que mulheres se alistassem para votar em uma eleição complementar para o Senado. Celina e outras 20 mulheres se inscreveram. Ela foi a primeira a conseguir esse direito. O Senado acabou invalidando os votos daquela eleição por não aceitar o voto feminino. Mas Celina e as outras mulheres ficaram conhecidas pelo pioneirismo.
4 – Abolição de escravos
O dia 30 de setembro é a maior festa cívica comemorada na cidade. Desde 13 de setembro de 1913, a data foi decretada feriado, como uma forma de homenagear todos que participaram das lutas pela abolição da escravatura. Diferente dos outros municípios brasileiros, Mossoró foi pioneira na libertação. Todo o processo foi concluído cinco anos antes que o restante do país fosse contemplado através da chamada Lei Áurea, que decretou a ilegalidade da escravidão no território nacional.
De acordo com os documentos históricos, o povo mossoroense foi o primeiro, entre os norte-rio-grandenses, a fazer campanhas sistemáticas pela liberação das pessoas escravizadas.
5 – Expulsão do bando de Lampião
Em 1927, Mossoró vivia período de prosperidade econômica, com expansão industrial e sedimentação da cidade como maior produtora de sal do país, além de três firmas comprando, descaroçando e prensando algodão. A cidade ainda dispunha de um porto, de onde eram exportados os seus produtos atendendo cidades da região Oeste do Rio Grande do Norte e até mesmo municípios dos estados do Ceará e Paraíba.
O cenário de prosperidade foi fundamental para que Mossoró chamasse a atenção de criminosos, que invadiam e saqueavam cidades, prática comum naquela época. A população estimada do município era de aproximadamente 20 mil habitantes e foi surpreendida pela chegada do mais temido cangaceiro da época, Virgulino Ferreira, o Lampião.
Com o porte que Mossoró possuía, sua invasão precisava ser planejada. De acordo com as pesquisas feitas pelos historiadores sobre o bando, o “Rei do Cangaço” era apoiado por criminosos da própria região. O plano de invadir Mossoró foi em prática a partir do dia 2 de maio de 1927, quando Lampião e seu bando partiram do estado de Pernambuco em direção ao Rio Grande do Norte. No caminho, diversos crimes foram cometidos.
Em carta endereçada ao prefeito de Mossoró, Rodolfo Fernandes, os cangaceiros fizeram uma série de exigências para que pudessem poupar os mossoroenses do terror que vinham causando noutras cidades do Nordeste, incluindo o pagamento da quantia de 400 contos de réis. O prefeito Rodolfo Fernandes respondeu que não tinha o dinheiro e que a cidade estava disposta a recebê-los “na altura em que desejarem”. E assim foi feito.Os mossoroenses organizaram a estratégia de defesa, em pontos estratégicos, e conseguiram surpreender o bando de Lampião, que chegou à cidade. Em 1h30 de combate, o bando de Lampião recuou e parte dos criminosos foi morta, incluindo Jararaca, um dos principais cangaceiros da época.