Marcos Santos – Repórter do Jornal de Fato
O Estádio Municipal Leonardo Nogueira está completando 100 dias fechado nesta sexta, 17. O campo está interditado pela Justiça devido à gestora, a Prefeitura de Mossoró, ter descumprido o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para realização de obras de acessibilidade. A ação foi movida pelo Ministério Público (MP).
A interdição ocorreu no dia 7 de fevereiro. No TAC assinado em 2021, a Prefeitura tinha dois anos para executar o serviço, mas desprezou.
Há também outra interdição por determinação da Defesa Civil por consequência da queda da marquise do estádio, ocorrida em 10 de fevereiro, devido a uma forte chuva.
A Prefeitura, por meio do prefeito Allyson Bezerra, não pretende fazer reforma no estádio, mas sim uma permuta via Parceria Público-Privada (PPP). Ao desprezar o TAC e não realizar qualquer serviço no estádio, desde sua municipalização em 2021, supõe a estratégia do prefeito de arruinar ainda mais aquele equipamento para justificar o desejo da permuta.
A área que seria cedida à classe privada tem estimativa imobiliária em R$ 40 milhões, por estar situada em bairro nobre da cidade, o Nova Betânia.
A permuta, pelo que foi dito por Allyson Bezerra na imprensa, consiste na saída do Nogueirão para um outro endereço da cidade, algo polêmico e desaprovado pela sociedade mossoroense. Uma enquete em rede social, por sugestão da Prefeitura, feita pelos clubes, Potiguar e Baraúnas, apresentou números desfavoráveis à mudança de endereço de um estádio histórico – 57 anos de fundação.
Recentemente, uma audiência foi realizada na Câmara Municipal de Mossoró (CMM) e a ideia majoritária foi pela permanência do Nogueirão no local de origem em respeito ao patrimônio público e também ao pertencimento cultural e esportivo. Os debatedores, em maioria considerável, entenderam que há soluções para a problemática e até mesmo uma permuta, cedendo parte do terreno que compreende o Nogueirão, poderia ser uma saída.
Ainda assim, fala-se em permuta do Nogueirão desde 2023, mas a proposta em seus pontos traçados se apresenta em ritmo lento.
DESCASO
O fato é que há um descaso ao Nogueirão. Nem mesmo nos tempos que era gerido pela Liga Desportiva Mossoró (LDM), não passou tanto tempo fechado.
Há anos, o estádio apresenta estrutura precária, mas poderia estar funcionando minimamente até se resolver a melhor saída para os seus problemas. O funcionamento dependia da realização da obra de acessibilidade, para ser feita antes da abertura do processo de permuta, o que seria um investimento irrisório para a Prefeitura. Não se pensou assim.
Com isso, o estádio chegou ao seu pior momento desde sua fundação, encontrando-se fechado e sem perspectiva de reabertura. Nesta semana, um trator foi visto arrancando grama/mato que estava encobrindo as traves.
PREJUÍZO TOTAL
O Nogueirão fechado representa um prejuízo para todos envolvidos no futebol. Além dos clubes, torcedores e a imprensa específica, também o comércio informal que depende do esporte para sobreviver.
Desde o Estadual, o Potiguar manda os seus jogos em Assú, enfrentando uma despesa calculada em R$ 10 mil por jogo. O Baraúnas também teve esse dissabor.
Por meio de instrumento jurídico, “Cessão de Direitos”, os clubes tentam nos bastidores rever a questão do estádio para evitar prejuízo futuro. A ideia é fazer o serviço pendente, deixá-lo em funcionamento básico para voltar a utilizá-lo em 2025, enquanto não se resolve a problemática.
Os dirigentes querem ouvir a Prefeitura, terem o respaldo para pôr em prática o plano, mas o prefeito, até o momento, evita o diálogo.
Foto da TCM