Você até pode não conhecer o termo, mas com certeza conhece alguém que já passou pela situação de pobreza menstrual. De acordo com antropóloga Mirian Goldenberg, o termo nascido na França pode ser definido como “a falta de acesso não somente a itens básicos de higiene durante o período de menstruação, mas também a falta de informação, dinheiro para comprar um absorvente e, principalmente, falta de apoio”. Segundo Mirian, uma em cada quatro meninas no Brasil faltam à aula por não possuírem absorventes, e dessas, 50% nunca falaram sobre o assunto na escola.
Desde 2014, a Organização das Nações Unidas (ONU) considera o acesso à higiene menstrual um direito que precisa ser tratado como uma questão de saúde pública e de direitos humanos.
É preciso entender e fazer com que nossas adolescentes e mulheres falem mais sobre o assunto. Nós mulheres fomos criadas sem a educação e o conhecimento. Muitas mães escondem os absorventes e evitam conversar sobre a menstruação com suas filhas. Muitas meninas crescem e passam por toda a fase de primeira menstruação sem nunca ter conversado com familiares e amigos sobre o assunto, tudo isso vivendo de forma insegura, com vergonha, medo e até rejeição, e piora quando a pessoa não tem os itens mínimos de higiene.
Dados do relatório da Unicef Brasil, no país mais de 700 mil meninas vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em casa e mais de 4 milhões não tem acesso mínimo aos cuidados menstruais.
Um dos principais motivos pela ausência de itens para higiene íntima é de natureza financeira. O relatório estima que uma pessoa que menstrua gasta entre R$ 3 mil e R$ 8 mil reais ao longo de sua vida com a compra de absorventes, o que para as pessoas que se encontram em situações de vulnerabilidade social representa cerca de quatro anos de trabalho para custear todos os absorventes que serão utilizados em sua vida.
Hoje, no Brasil, os absorventes não são tidos pela lei como produtos de higiene básica, isso faz com que sejam cobrados impostos altos. Daí começou a mobilização de grupos, movimentos ativistas e instituições. O tema começou a ganhar visibilidade nos debates de políticas públicas.
A comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado (CDH) aprovou nesta a Sugestão Legislativa (SUG) 43/2019 que prevê a distribuição gratuita de absorventes, nos postos de saúde para mulheres de baixa renda ou moradora de rua. A sugestão foi apresentada por Emilly Silva de Pernambuco por meio do Portal E-Cidadania. A iniciativa contou com voto favorável da senadora Zenaide Maia, a senadora alterou o texto da proposta acrescentando também mulheres encarceradas. A sugestão foi transformada em projeto de lei e começa a tramitar no Senado.
Fonte: Senado Federal