“Aqui na Rede Xique-Xique produzimos comida de verdade, sem veneno e com atenção aos impactos no meio ambiente. Temos mulheres à frente da produção e de suas famílias, e ainda oferecemos mais saúde na mesa das pessoas”.
Esse foi um dos resumos passados pela agricultora Neneide Lima, presidente da Associação de Comercialização Solidária Xique-Xique, às equipes técnicas do Banco Mundial e do Projeto Governo Cidadão, que vistoriaram a unidade de produção e comercialização de alimentos agroecológicos mantida pela Associação na comunidade Mulugunzinho, em Mossoró.
A vistoria fez parte da Segunda Missão Presencial que o Banco Mundial realiza no RN neste ano, para acompanhamento dos investimentos no estado.
O prédio na zona rural foi construído e equipado pelo Governo Cidadão/Banco Mundial com o valor de R$ 592 mil, por meio de convênio e por meio da Secretaria de Estado de Agricultura (SAPE), para produzir polpa de fruta. A capacidade de processamento mensal é de, em média, 10 mil quilos de polpa de acerola, cajarana, caju, goiaba, graviola, limão e manga.
Um veículo de carga para escoamento da produção também foi adquirido, beneficiando 11 núcleos dedicados à agricultura familiar, todos chefiados por mulheres, e mais de 400 agricultores indiretamente ligados à Associação. Na unidade, a Xique-Xique promove processos agroecológicos, a economia solidária e o protagonismo feminino, em sintonia com o escopo do Governo Cidadão.
“Com o apoio do Governo Cidadão, a gente consegue participar das discussões, sejam elas de consumo ou de políticas públicas para o setor da agricultura familiar e ainda colocar nossas mulheres em posição de destaque”, finalizou Neneide.
Em todo o Rio Grande do Norte, a Rede Xique-Xique reúne cerca de 150 unidades familiares e grupos, totalizando 650 pessoas.
Para o coordenador do Governo Cidadão, Gustavo Coêlho, secretário de Estado de Infraestrutura, “as vistorias, além de avaliarem os resultados dos investimentos realizados pelo Governo com recursos viabilizados pelo Banco, colaboram para a continuidade dos mesmos e permitem uma troca de experiências entre quem produz no interior e quem tem uma visão especializada”.
Aprofam, outra mulher no comando
Outra visita ocorreu na unidade produtiva da Associação de Produtores e Produtoras da Feira Agroecológica de Mossoró (Aprofam). A entidade foi beneficiada por um Subprojeto de Iniciativa de Negócios Sustentáveis de Inclusão Produtiva na área da Fruticultura, com um convênio no valor de R$ 608 mil.
Satisfeita com os investimentos recebidos, Luana Clementino, presidente da Aprofam, relatou às equipes do Banco Mundial e do Governo Cidadão, os planos de longo e médio prazos da entidade que hoje conta com 48 sócios, a maioria deles, mulheres:
“Atuamos em uma cidade com mais de 300 mil habitantes e dezenas de lanchonetes e restaurantes. Temos um grande mercado em potencial a ser explorado. Já somos certificados para venda direta de produtos da agricultura familiar para o consumidor e estamos no processo de transformar a associação em uma OPAC, que corresponde a uma certificadora no Sistema de Certificação por Auditoria, atendendo às exigências do regulamento da produção orgânica”.
Segundo Luana, o plano é fornecer sucos e polpas detox, com os itens da lista de produtos e subprodutos produzidos, que somam mais 200 opções entre frutas, hortaliças, tubérculos, ovos, galinhas, mel e seus derivados. “Planejamos, ainda, eliminar desperdícios aproveitando sobras na produção de novos itens, e depois enviar para outros estados”, conta, revelando que o apoio do Governo do RN, por meio do Governo Cidadão, SAPE e Banco Mundial, foi essencial para que chegassem a esse planejamento de longo prazo.
Por meio da Aprofam, 30 famílias ligadas à Associação foram beneficiadas com a construção e aparelhagem de uma unidade de beneficiamento de frutas em fábrica própria e regularizada. De artesanal, a produção passou a contar com o auxílio de aparelhos profissionais que possibilitam o acesso a regularização sanitária e a um salto da marca de 5 mil quilos mensais processados, para 10 mil quilos. Dependendo da época, saem polpas de acerola, cajarana, caju, goiaba, manga e tamarindo.
Adriana Martins, especialista em monitoramento e avaliação do Banco Mundial, realizou as duas vistorias ao lado de Anna Roumani (Finalização de Projetos), que participou do evento da manhã, e de Luis Loyola (Irrigação-FAO), que participou da visita da tarde. Os especialistas checaram a sustentabilidade dos investimentos do ponto de vista socioeconômico
Governo Cidadão e Agricultura Familiar
Um dos braços do Governo Cidadão busca o equilíbrio regional, de forma a aumentar a segurança alimentar, o acesso à infraestrutura produtiva e a mercados para a agricultura familiar com a aplicação de R$ 93 milhões em projetos executados e em finalização.
Somente em Mossoró, os investimentos do projeto totalizam R$ 155,7 milhões nas áreas de educação, turismo, agricultura familiar, segurança pública e saúde – incluindo a implantação do Hospital da Mulher, que será o maior da rede estadual.
Técnicos da UES/SAPE e dos setores de Monitoramento e Engenharia do Governo Cidadão também acompanharam os representantes do Governo Cidadão e do Banco Mundial nas visitas aos projetos da agricultura