Finzinho do ano de 2001, numa conversa longa com este colunista, no Palácio Felipe Camarão, a então prefeita de Natal Wilma de Faria (falecida em 17 de junho de 2017) disse que renunciaria ao cargo para se eleger a primeira mulher governadora do Rio Grande do Norte.
Conversa testemunhada por Vagner Araújo, na época seu auxiliar mais influente.
Poucos acreditavam que ela realmente renunciaria a maior prefeitura do estado para disputar o governo contra gigantes da política tradicional.
Naquele momento, Dona Wilma contaria com apoio apenas de Carlos Eduardo, que era o vice e assumiria a titularidade com a sua renúncia, e do prefeito de Parnamirim, Agnelo Alves (falecido em 21 de junho de 2015), que retribuiria a bondade de Wilma de colocar o seu filho, Carlos, no cargo de prefeito.
O fim dessa história todos conhecem: Wilma derrotou os candidatos Fernando Bezerra (1º turno) e o então governador Fernando Freire (2º turno), com mais de 61% dos votos válidos.
Esse breve relato da história recente da política potiguar se faz necessário para entender que nem sempre é preciso um palanque robusto de lideranças para ganhar uma eleição.
Quem ganha eleição é o candidato; os outros são importantes para completar a vitória.
Dito isto, é possível que o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União), repita o feito de Wilma, se tiver a mesma coragem.
Nome à sucessão estadual 2026, ele certamente terá dificuldade de construir um palanque cheio de partidos e de lideranças políticas, mas contará com apelo popular para sustentá-lo, já comprovado no pleito deste ano quando foi reeleito com mais de 78% dos votos válidos de Mossoró.
Nas eleições de 2002, Wilma de Faria precisou apenas de uma legenda para registrar a sua candidatura e conquistar uma vitória histórica.
Em 2026, Allyson pode protagonizar o remake eleitoral. Guardadas as devidas proporções.
E resguardando a história impar de Wilma de Faria.
Coluna César Santos