Relatório ‘Fábrica de acidentes” da Repórter Brasil foi desenvolvido em parceria com a organização dos Países Baixos SOMO
Por Poliana Dallabrida
Trabalhar em frigoríficos no Brasil é estar constantemente sujeito a riscos. A atividade inclui manusear ferramentas perigosas, como facas e serras, usar a força para cortar partes ou, por vezes, animais inteiros, e fazer movimentos curtos e rápidos repetidamente para separar os cortes que chegam nas mesas em todo o mundo.
Durante longas jornadas de trabalho em temperaturas extremas, os trabalhadores do setor sofrem constantes pressões para cumprir metas de produção elevadas. “É uma fábrica de acidentes e lesões”, resume Marcos Cardoso dos Santos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Estado de Rondônia (Sintra Intra).
Ao longo de 2023, a Repórter Brasil foi a campo e realizou 63 entrevistas com trabalhadores e ex-trabalhadores de frigoríficos para ouvir suas avaliações sobre o trabalho. A grande maioria (84%) dos entrevistados diz ter doenças relacionadas ao trabalho, e muitos deles (40%) sofreram acidentes de trabalho. Quase todos (93%) relatam desconforto térmico, a grande maioria (87%) faz horas extras, e menos da metade faz as pausas obrigatórias, sendo que há consenso entre especialistas de que esses fatores podem levar a mais acidentes e doenças.
O resultado completo da investigação do Programa de Pesquisa da Repórter Brasil foi publicado no relatório ‘Fábrica de acidentes’, desenvolvido em parceria com a organização dos Países Baixos SOMO. O relatório completo pode ser acesso aqui, e também está disponível em inglês neste link.