Secretário da Fazenda do RN, Cadu Xavier, afirma que a proposta do presidente dos Estados Unidos pode ter um impacto “devastador” em setores importantes da economia do RN, como o de frutas, granito, pescado e, principalmente, o de sal marinho.
A sobretaxa de 50% aos produtos brasileiros exportados para o Estados Unidos, anunciada pelo presidente americano Donald Trump, afetará 70% da produção do Rio Grande do Norte destinada ao mercado externo. O alerta, em forma de preocupação, é do secretário estadual da Fazenda, Carlos Eduardo Xavier, que condenou a decisão de Trump. A medida vai começar a valer a partir de 1º de agosto.
Cadu Xavier, como é conhecido o titular da Fazenda, afirma que a proposta pode ter um impacto “devastador” em setores importantes da economia do RN, como o de frutas, granito, pescado e, principalmente, o de sal marinho.
Secretário da Fazenda do Rio Grande do Norte, Cadu Xavier
“Estamos falando de setores-chaves de nossa economia. Essa medida ameaça milhares de empregos e a estabilidade de importantes cadeias produtivas”, disse Cadu, ao ressaltar que a dependência do mercado norte-americano é crítica para alguns setores. A sobretaxa de 50% tornará o produto potiguar menos competitivo, podendo levar à paralisação de contratos.
O titular da Fazenda acredita que ainda é possível encontrar um caminho de diálogo para evitar que a medida seja levada a termo. Daí, Cadu apela à união da classe política do Rio Grande do Norte, no sentido de a bancada federal somar forças para proteger os empregos e a economia do estado. “Essa medida precisa ser combatida com firmeza pelo estado brasileiro, defendendo a soberania nacional”, defendeu Cadu Xavier em entrevista à imprensa de Natal.
Balança
O Rio Grande do Norte vive um bom momento nas exportações. Conforme matéria publicada pelo Jornal de Fato, edição da última terça-feira, 8, a balança comercial potiguar registrou superávit de mais de US$ 210 milhões no primeiro semestre de 2025. Entre janeiro a junho, o acumulado no RN foi de US$ 667,2 milhões em transações comerciais. Deste valor, o estado movimentou US$ 439 milhões em exportações e US$ 228,2 milhões em importações.
O destaque absoluto foi o óleo combustível, com um volume de US$ 212,0 milhões, consolidando o setor energético como o principal vetor da pauta exportadora do estado. A fruticultura irrigada também manteve papel de protagonismo, com melões frescos movimentando US$ 54,1 milhões, melancias frescas com US$ 28,2 milhões e mamões papaias frescos com US$ 11,8 milhões figurando entre os cinco itens mais exportados, ao lado de outros óleos combustíveis (US$ 23,7 milhões).
Os principais destinos das exportações do RN foram o Panamá com US$ 184,8 milhões, seguido por Estados Unidos, Países Baixos, Espanha e Reino Unido. A distribuição geográfica diversificada reflete a consolidação das parcerias comerciais com mercados da América, Europa e Caribe.
Exportação do RN para os EUA teve alta de 120% no primeiro semestre
O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), Roberto Serquiz, avalia que o aumento de tarifas a produtos importados do Brasil pelos Estados Unidos deve gerar impactos significativos para a indústria potiguar. Ele falou sobre a preocupação, da indústria do estado, da imposição de 50% de tarifas sobre os produtos brasileiros.
Roberto Serquiz destaca que a elevação nas tarifas gera preocupação em nível nacional, uma vez que os Estados Unidos são o maior importador do Brasil. “Essa preocupação se amplia quando olhamos para o Rio Grande do Norte. Nossa produção, hoje, tem uma dependência dos recursos naturais, como o petróleo, fruticultura, pesca, mineração e o sal. Esses setores serão impactados com essa tarifa de 50%”, diz.
Dados levantados pelo Observatório da Indústria Mais RN mostram que, no primeiro semestre de 2025, o estado registrou US$ 67,1 milhões de exportação para os Estados Unidos, uma alta de 120% em comparação com o mesmo período de 2024.
“Estávamos em uma boa performance, estamos às portas da safra da fruticultura, tem força no mercado americano, os pescados costeiros são todos exportados para os Estados Unidos, assim como boa parte do sal produzido aqui”, ressalta Serquiz.
“Com a elevação da tarifa, o sal, por exemplo, perde completamente a competitividade, porque os demais competidores têm tarifas de 10%. Então, esse cenário é de preocupação e esperamos que haja um diálogo do governo brasileiro no sentido de termos uma reversão dessa situação”, aponta.
O presidente da FIERN acrescenta que o cenário estende a preocupação, também, para a inflação e a empregabilidade. “O dólar já teve alta, o que pode elevar a inflação e levar à perda de postos de trabalho”, frisa.