Por César Santos / JORNAL DE FATO
O que pensa o prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) sobre a disputa presidencial? Qual é a sua posição? Ele vota no atual presidente Jair Bolsonaro (PL) ou no ex-presidente Lula (PT)? Qual das duas opções, na opinião do prefeito, é a melhor para Mossoró e para o Brasil?
Ninguém sabe o que o prefeito pensa, no que ele acredita, a sua posição política. Allyson decidiu não ter posição, não ter opinião, não ter lado, não ter convicção, não ter um candidato para representar junto à população da segunda maior cidade do Rio Grande do Norte.
Isso é muito ruim.
Um político sem posição é um político sem cara e sem coragem. Isso ganha dimensão no momento em que o país está prestes a escolher o chefe da Nação, a decidir entre dois projetos de governo, de linhas políticas e ideológicas antagônicas, o que aumenta ainda mais a responsabilidade de cada um e, principalmente, de políticos que se propõem a ser líder.
Ao escalar o muro do acanhamento, incolor, inodoro, como se fosse – e de fato é – uma fuga, o prefeito de Mossoró oferece o “seu” eleitor para os adversários que têm posição e que estão nas ruas da cidade pedindo votos para Lula ou Bolsonaro. E corre o risco de ser atingido pela máxima que diz: time que não entra em campo, não tem torcida.
Mais do que isso. Allyson Bezerra tem sofrido críticas de todos os lados, inclusive, dentro do próprio grupo que deu sustentação a sua campanha eleitoral vitoriosa de 2020. A fala do advogado e ex-vereador Tomaz Neto que circula nas redes sociais, onde ele faz duras críticas ao prefeito, é uma sinalização de que as consequências podem ser duríssimas.
Tomaz, que foi da linha de frente da campanha de Allyson à Prefeitura de Mossoró, disse que o prefeito assumiu uma postura de “covardia”, abrindo mão da posição de “homem e político”. Ele, inclusive, credita o insucesso dos candidatos de Allyson a deputado federal e estadual (Lawrence Amorim e Soldado Jadson) à “neutralidade” no que diz respeito à disputa pelo Governo do RN e Presidência da República.
“Ele se acha um deus pequenininho, o último copo d’água do deserto”, criticou. Segundo Tomaz, o prefeito recebe recursos para investir em Mossoró e nega os benefícios recebidos. “Isso não é digno para qualquer cidadão, para qualquer político”, afirmou, ao lançar frase mais dura ao comentar a neutralidade de Allyson: “Neutro é uma porra, isso é covardia”.
O que o aliado (ou ex-aliado) enxerga agora, é o que Allyson Bezerra sempre foi e fez. Se beneficiar de recursos que vêm para Mossoró e negar de onde vem é costume do prefeito. Ele não cita os quase 200 milhões de reais do Finisa e das emendas do deputado federal Beto Rosado, que estão bancando quase 100% das obras inauguradas ou em andamento. Não fosse esses recursos, Allyson não teria como visitar um bairro de Mossoró, dada a completa ausência de sua atuação como gestor público.
Pois bem.
O eleitor de Mossoró vai às urnas daqui a duas semanas para escolher o presidente da República. O seu voto não terá qualquer influência do chefe do Executivo. E, sem participar do processo democrático, fugindo de sua responsabilidade, o prefeito transfere essa missão para outros.
Líderes são pessoas que inspiram outras.
O prefeito limita-se ao cargo de chefe. E Chefes são apenas chefes.
‘Neutralidade’ de Allyson é um risco para quem tem projeto político
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