A maioria dos políticos do Brasil, hoje em dia, parece fazer apenas uma coisa: jogar para a plateia. Nesses tempos de ânimos exaltados via internet, causar burburinhos, propor absurdos, sugerir maluquices, virou plataforma política.
Em tempos de crises, como a que vivenciamos agora, o oportunismo fala ainda mais alto. Momento para os que lutam pelo quanto pior melhor assumirem suas posições mais retrógradas, seu discurso mais conservador, sua intenção mais mesquinha, sua vontade mais dissociada da realidade. Só para causar estragos. Na imagem do adversário, na mente do eleitor, na estratégia de resolução do problema.
É assim que se multiplicam absurdos como pedidos de intervenção militar ou operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Mesmo que não haja indícios materiais da necessidade ou fundamentos jurídicos da vontade.
Ocorre, porém, que a escolha por uma postura de caos sempre traz prejuízos. Sempre provoca problemas. Ás vezes, a vontade de atingir o adversário político é tão grande que a pancada acaba sendo num parceiro próximo.
É o que está acontecendo com o deputado estadual Coronel Azevedo (PL). Na última sexta-feira, em entrevista ao jornal Tribuna do Norte, o parlamentar criticou a governadora Fátima Bezerra (PT) por esta não ter acionado a GLO. Azevedo mirou na governadora, mas acertou foi aos colegas de farda.
Coronel Azevedo fingiu que não sabe que somente se solicita a GLO quando há esgotamento das forças de segurança. Na prática, o deputado-policial está dizendo que não confia na Polícia Militar.
Essa mensagem fica clara para os próprios policiais militares que sabem, todos, sem exceção, que somente cabe GLO quando se comprova que as forças de segurança que atuam num determinado Estado não estão mais sendo capazes de combater os atos criminosos em destaque.
Não é o caso do Rio Grande do Norte, onde os registros de ações criminosas iniciadas em 13 de março seguem em queda a cada dia. Com o apoio do Governo Federal e de outros Estados, que tem enviado policiais militares, esses combativos agentes das forças de segurança que o Coronel Azevedo demonstra não botar fé.