Tomógrafo de última geração, comprado pelo Ministério da Saúde, foi recebido pela Prefeitura de Mossoró no dia 15 de setembro do ano passado. Até agora, o aparelho não foi instalado e encontra-se no almoxarifado, onde também está guardando um raio-x
Coluna César Santos / Jornal de Fato
No dia 15 de agosto de 2022, a Prefeitura de Mossoró fez propaganda em sua página oficial e nas redes sociais da chegada de um tomógrafo de última geração, adquirido com recursos do Ministério da Saúde. Fotos, vídeos e entrevistas enalteceram o “feito” e afirmaram que o equipamento estaria à disposição da saúde dos mossoroenses.
De fato, houve empolgação e a renovação de esperança da massa gente que depende das políticas publicas para terem acessos a exames feitos pelo aparelho como de tórax, hérnia de disco, joelho, ombro, entre tantos outros solicitados pelos médicos.
Só que, oito meses depois, o tomógrafo ainda não saiu da caixa. Está guardado no almoxarifado do município ao lado de um aparelho de raio-x móvel.
Trata-se de mais um descalabro da atual gestão municipal com a saúde da população. É inadmissível, sob todos os aspectos, e sem justificativa aceitável, que uma gestão mantenha guardado um tomógrafo e um aparelho de raio-x numa cidade do porte de Mossoró, com 300 mil habitantes, e a maioria dependendo do serviço público.
A informação no local onde os aparelhos estão guardados em caixa é que o tomógrafo só sairá de lá para o Centro Clínico Professor Vingt-un Rosado, popularmente conhecido como o “PAM do Bom Jardim. Essa unidade passa por reforma que se arrasta há meses, sem previsão de quando será concluída.
Nesta terça-feira, 25, não havia trabalhadores na obra, nem informações sobre a conclusão da obra. No entanto, algumas pessoas na área afirmaram que a construtora contratada executa a obra a “passos de tartaruga”, acompanhando o mesmo ritmo da liberação de recursos por parte da gestão municipal.
O descalabro torna-se ainda mais revoltante porque o tomógrafo poderia muito bem ter sido instalado em uma das Unidades de Pronto-Atendimento (UPA). Há reclamações, todos os dias, que essas unidades não contam com o importante serviço de exames porque falta o aparelho.
Também deve ser dito que o raio-x móvel, que adormece ao lado do tomógrafo, deveria estar funcionando nas UPAs ou em qualquer lugar que fosse útil à população, nunca dentro de um almoxarifado sem nenhuma utilidade.
Esse descalabro junta-se a outros. Recentemente, a reportagem do Jornal de Fato mostrou o caos na Unidade Básica de Saúde – UBS Marina Silva – na comunidade rural da Barrinha. Um médico atendendo paciente na sombra de uma árvore porque não tinha condições de trabalhar dentro do velho imóvel caindo aos pedaços.
Pois bem.
Não é possível que a desgraça no sistema de saúde pública de Mossoró siga sem chamar a atenção das autoridades públicas. Será que o Ministério Público Estadual e/ou Federal não se sentem provocados para investigar esse crime com a saúde da população?
Isso não pode continuar assim, a impunidade não pode prevalecer. As pessoas estão sofrendo à míngua, enquanto galões e mais galões de recursos públicos são jogados em outras áreas, que não exigem a mesma urgência de quem está na fila da saúde.