Por César Santos – Jornal de Fato
Os professores e professoras voltaram ao trabalho, mas a greve que durou quase dois meses fez estrago na imagem do prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade). Pesquisa de opinião pública, para avaliação interna, revela queda acentuada na popularidade do chefe do Palácio da Resistência, conforme colheu a reportagem do Jornal de Fato.
Além da paralisação das aulas nas escolas do município, outros problemas que afetam a população ajudaram a puxar para baixo os índices de avaliação. Nos últimos dias, pipocaram queixas e críticas de todos os cantos de Mossoró, devido às péssimas condições das ruas, com buracos e lamas, e de áreas vitais como a saúde que não tem oferecido bons serviços às pessoas que precisam de assistência.
O prefeito acusou o golpe. Primeiro, ele reduziu a agenda externa e tem pouco aparecido nos bairros da cidade. Bem diferente dos primeiros anos de gestão, quando Allyson praticamente vivia nas ruas da cidade, principalmente na periferia onde rendia boa imagem.
Allyson Bezerra também emite sinais de que vai tentar melhorar a imagem da educação, abrindo diálogo com os professores para, possivelmente, negociar o cumprimento do novo piso salarial da categoria. Até pouco tempo, o prefeito tinha a determinação de que não permitiria o município pagar o reajuste de 14,95%, conforme determina lei.
Nesta quinta-feira, 27, o Palácio da Resistência confirmou que a gestão municipal pode sentar para negociar com o sindicato o pagamento do piso dos professores. A jornalista Nathalia Rebouças publicou em seu blog uma nota da Prefeitura sobre participar da audiência de conciliação com o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (SINDISERPUM), que representa os profissionais da Educação:
O município “tem interesse na conciliação e se manifestará favoravelmente à realização da audiência. A gestão municipal reforça que mantém contínuo diálogo com todos os servidores da Prefeitura de Mossoró”, diz a nota. A gestão Allyson Bezerra tinha até esta quinta-feira para me manifestar sobre a audiência de conciliação, conforme o prazo determinado pelo desembargador Vivaldo Pinheiro, do Tribunal de Justiça do Estado (TJRN).
Traumas
O confronto do prefeito com os educadores, principalmente no período da greve, foi bastante acirrado e deixou cicatrizes. Allyson Bezerra não aceitou o “Judallyson”, criado pelos professores, para representar a imagem do prefeito. O boneco gigante vestiu roupa de judas (traidor) e usou nariz de Pinóquio (mentiroso) e foi levado às manifestações e protestos nas ruas da cidade.
O prefeito respondeu com uma campanha na mídia oficial que tentou colocar a opinião pública contra os professores. O material afirmava que a gestão municipal já respeitava a lei do piso salarial, versão contestada pela categoria.
Depois daí, a gestão municipal decidiu judicializar a greve e obteve vitória no TJRN após 54 dias de paralisação das aulas. O desembargador Vivaldo Pinheiro não julgou se o município cumpre ou não a lei do piso salarial, mas decidiu determinar o fim da greve para que os alunos não continuassem prejudicados, já que vinham de dois anos fora das salas de aulas em razão da pandemia da Covid-19.
Conciliação
A presidente do Sindiserpum, professora Eliete Vieira, segundo noticiou a jornalista Nathalia Rebouças, diz que a categoria aceita negociar o pagamento do reajuste de 14,95% de forma parcelada. Para isso, está disposta a sentar à mesa de negociação intermediada pela Justiça.
“Nós pedimos o valor integral, mas podemos abrir a negociação para pagamento escalonado”, afirmou a professora.