É o caso da Prefeitura de Pau dos Ferros, que anunciou 20 atrações para a tradicional Finecap, que ocorre no mês de setembro e chamou a atenção pelo cachê milionário do cantor Gusttavo Lima. O sertanejo levará uma bolada de R$ 1,2 milhão do município
Por César Santos – Jornal de Fato
Em ano eleitoral, a ordem é gastar. Essa máxima, prejudicial às finanças públicas, permanece uma realidade em municípios interioranos. Neste ano, contrariando o discurso da recente Marcha dos Prefeitos à Brasília, realizada no início deste mês, em que os gestores apresentaram um cenário de crise nas prefeituras, os municípios estão contratando atrações musicais por cachês milionários, alguns, considerados absurdos diante da fragilidade do cofre público.
É o caso da Prefeitura de Pau dos Ferros, que anunciou 20 atrações para a tradicional Finecap, que ocorre no mês de setembro e chamou a atenção pelo cachê milionário do cantor Gusttavo Lima. O sertanejo levará uma bolada de R$ 1,2 milhão.
A prefeita Marianna Almeida (PSD), que é candidata à reeleição, ao anunciar Gusttavo Lima propagou que irá realizar a maior Finecap da história, ressaltando outros nomes de cachês elevados como o projeto “À Vontade” com Raí, Zezo e Luan Estilizado, Alceu Valença, Mari Fernandez, entre outros.
Por consequência, houve reação negativa nos segmentos em que a administração municipal não consegue honrar os seus compromissos, inclusive, com a própria Finecap. Na sessão da Câmara Municipal, o vereador Reginaldo Alves denunciou que a gestão Marianna deve quase meio milhão de reais a um dos fornecedores da edição 2023 da Finecap. Para ser mais preciso, conforme consta no Portal da Transparência, o passivo é de R$ 474.490,70.
“Se ainda não pagou a conta da Finecap do ano passado, como vai honrar os contratos da edição de 2024?”, questiona o vereador. “Município está dando um calote em fornecedores, prestadores de serviços e contratos”, denunciou, ao afirmar que já provocou o Ministério Público para investigar alguns casos.
Um desses casos é com o projeto “Reciclando Vidas”, voltado para a ressocialização de apenados. Segundo Alves, de 2021 a 2024, a gestão da prefeita Marianna Almeida cumpriu apenas 2,5% do valor total que compete ao município. A dívida se aproxima de R$ 360 mil.
Há uma desconfiança que a Finecap será usada para fins eleitorais, com indícios apontados pela oposição. Um deles é que a gestão municipal transferiu a realização do evento do início de setembro, como ocorre tradicionalmente, para o fim da primeira quinzena, ficando mais próximo do dia das eleições – 6 de outubro.
Outro indício é que neste ano um trio-elétrico foi contratado para sair às ruas dentro da programação da Finecap. Desconfiada com essas mudanças, a oposição pretende provocar o Ministério Público Eleitoral (MPE) para investigar o caso.
Assú
Além de Pau dos Ferros, vários outros municípios decidiram aumentar os gastos com festas públicas, principalmente para promover os festejos juninos. A Prefeitura de Assú chegou a divulgar programação com grandes nomes da música nacional, mas acabou tendo que recuar em razão das condições financeiras do município.
Uma nova programação foi divulgada nesta quarta-feira, 29, pelo prefeito Gustavo Soares. Ele cortou nomes como Wesley Safadão, Zé Vaqueiro e Padre Fábio, alegando a necessidade de reduzir gastos. Mesmo assim, outros nomes com grandes cachês foram confirmados como Luan Santana, Bell Marques, Leo Santana, Xand, Matheus e Kauan, Felipe Amorim, Nattan e Leonardo.
Prefeitura não revela cachês das atrações do Mossoró Cidade Junina
O Mossoró Cidade Junina 2024 terá grandes atrações como Gusttavo Lima, Luan Santana, Alok, Bruno & Marrone, Leonardo, Xand Avião, Simone Mendes, Bell Marques, Luan Santana, entre outros. E quanto é o valor do cachê de cada atração?
Até esta quarta-feira, 29, a três dias do início do CMJ, a gestão do prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) não havia tornado público o volume de gastos com as atrações. O Diário Oficial do Município (DOM) não tem publicação sobre os cachês. O Portal da Transferência vem apresentando oscilações nos últimos dias.
A Assessoria de Imprensa da gestão municipal não oferece informações, muito menos a Secretaria de Cultura, onde os contratos foram assinados. Dessa forma, o cidadão-contribuinte não sabe, até aqui, quanto a Prefeitura está gastando com as atrações e toda a estrutura do Cidade Junina.
A oposição, que tem a missão de fiscalizar, evita a cobrança de público temendo desgaste, pois entende que questionar qualquer ponto da festa popular por ser interpretado de forma negativa. Dessa forma, o MCJ 2024 se aproxima do seu início, sem qualquer transparência dos gastos públicos.