Mais de 8 mil crianças estão sem aula na rede municipal de Mossoró há 50 dias, completados nesta quarta-feira, 12. A greve dos professores segue sem solução. Os educadores não pedem mais do que o cumprimento do novo piso salarial do magistério. É um direito consagrado em lei. Ao município cabe o cumprimento.
A valorização dos professores deveria ser regra na gestão do prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade), que propaga, com dinheiro público, que Mossoró é a “cidade educação”. Como alguém pode defender esse título com professores em greve e as crianças fora da sala de aula?
Não há educação sem professor. Regra intocável. Portanto, cabe ao gestor público buscar os meios para cumprir a lei e respeitar quem educa. Qualquer outra postura, não merece aprovação. A nota é zero.
Agora, Allyson Bezerra se sente intocável. Acredita, por ser um marqueteiro de aceitação popular, que continuará aplaudido. Esse tipo de gestor, de vaidade que cega, quase sempre, ou sempre, esbarra nas próprias limitações. Temos (mau) exemplo no passado recente, com o ex-prefeito Silveira Júnior, espécie de “guru” da carreira política de Allyson.
De fato, a cria está a cara do criador. Com ambições maiores, que se diga.
Mas, voltando para a greve dos professores, está na hora do Ministério Público estabelecer a mesa de negociação, negada até aqui pela gestão municipal. Ser o mediador da discussão e recomendar um acordo para que os professores voltem ao trabalho e as crianças, às salas de aula. Não há alternativa de diálogo, já que o chefe do Palácio não aceita nem ouvir falar sobre o cumprimento da lei do piso do magistério.
Nesta terça-feira, 11, em mais uma tentativa de buscar o diálogo com o prefeito, a diretoria do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (SINDISERPUM) pediu o apoio dos vereadores. Um manifesto foi apresentado. Dez dos 23 membros da Casa assinaram o documento. No entanto, faltou a sensibilidade da bancada governista, que optou por não contrariar as ordens do chefe do Executivo.
De qualquer forma, o manifesto deixa claro que os professores querem negociar, estão dispostos a sentar à mesa com o prefeito para buscar uma solução que seja boa para todas as partes. Entendem que o cabo-de-guerra não é o melhor caminho. Mas, também, a categoria não vai abrir mão de lutar por seus direitos.
Cabe ao prefeito Allyson descer as escadarias da vaidade e chamar os professores para dialogar, a partir da apresentação de uma proposta de implantação do novo piso. Só assim ele conseguirá restabelecer as atividades na rede municipal de ensino.
Em tempo: o Governo do RN e os professores da rede estadual de ensino estão negociando a implantação do novo piso para encerrar a greve que já duas quase 40 dias. O governo já apresentou quatro propostas e a categoria apresentou uma contraproposta, rejeitadas pelas partes envolvidas. Mas, há sinais de que uma solução está a caminho.
Nesta quarta-feira, 12, a categoria se reunirá em assembleia para analisar os documentos que estão à mesa e decidir se seguem ou encerram a greve.