A rede pública de saúde de Mossoró tem uma fila de 2.262 pacientes à espera por uma cirurgia. Conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde, são 1.307 pacientes ginecológicas e 955 pacientes de cirurgias gerais. A gestão Allyson não tem solução
Da Redação do Jornal de Fato
A rede pública de saúde de Mossoró tem uma fila de 2.262 pacientes à espera por uma cirurgia. Conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde, são 1.307 pacientes ginecológicas e 955 pacientes de cirurgias gerais.
Esse é um grave problemas que se arrasta desde 2024 e vem aumentando a cada dia. Em julho deste ano, o Conselho Municipal de Saúde provocou o Ministério Público Estadual (MPRN) para buscar uma solução.
Um documento entregue à 1ª Promotoria da Comarca de Mossoró denunciou que as cirurgias eletivas estavam represadas porque a gestão do prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) acumulou dívida com os prestadores de serviços, como a Liga de Mossoró, o Hospital São Luiz e a Associação de Proteção e Assistência à Maternidade e à Infância de Mossoró (APAMIM).
Agora, com o problema cada vez mais agudo, a gestão municipal apresentou proposta para zerar a fila das cirurgias eletivas em quase um ano. De acordo com a proposta, seriam realizadas 300 cirurgias por mês para atender as 2.262 pessoas que esperam por procedimentos cirúrgicos.
O Conselho Municipal de Saúde rejeitou a proposta por falta de credibilidade da gestão municipal. Membros do colegiado lembram que o prefeito Allyson no início de sua gestão, em 2021, fez vídeo dentro de um leito da maternidade Almeida Castro dizendo que estava “zerando” a fila das cirurgias ginecológicas, o que não era verdade. O vídeo da “invasão” do prefeito, que levou a paciente ao constrangimento, viralizou à época e foi motivo de críticas.
Além disso, profissionais que atuam na saúde afirmam que dificilmente o Município conseguiria realizar 300 cirurgias por mês com apenas dois prestadores habilitados: Apamim e Hospital São Luiz.
Além de rejeitar a proposta, o CMS estabeleceu um prazo de 15 dias para a gestão Allyson Bezerra adotar medidas que viabilizem um processo ágil para zerar a fila de espera. A realização de mutirão seria a melhor medida, segundo o conselheiro do segmento usuário Francisco Avelino. O Conselho estabeleceu prazo de 15 dias para a Prefeitura de Mossoró renovar os contratos com as prestadoras de serviço e criar um mutirão para atender o máximo de pessoas de forma urgente.
Luiz Avelino disse à reportagem do Jornal de Fato que o CMS enviou novo ofício ao promotor de justiça Rodrigo Pessoa de Morais, da 1ª Promotoria, reforçando a denúncia de descaso na saúde e, consequentemente, solicitando medidas urgentes. O conselheiro sugere que seja celebrado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Município, estabelecendo prazos para zerar a fila de espera.
Atualmente, o número de procedimentos realizado é insignificante diante da fila de espera e dos novos pacientes que surgem diariamente. De acordo com dados do sistema DATASUS do Ministério da Saúde, o Hospital São Luiz realizou apenas 127 cirurgias em 12 meses, entre julho de 2024 e junho de 2025, uma média de pouco mais de 10 por mês.
Problema começou a se agravar em 2024
O descaso da gestão do prefeito Allyson Bezerra com pacientes que esperam por cirurgia começou a se agravar no segundo semestre de 2024, quando os prestadores de serviços suspenderam o atendimento por falta de pagamento.
O Jornal de Fato denunciou o problema, apresentou o cenário crítico, mas a gestão municipal nada fez. O Ministério Público Estadual até fez recomendações, no entanto, nenhuma medida foi adotada.
Em julho 2025, o conselheiro municipal de Saúde Luiz Avelino provocou o MPRN após exaurir todas as tentativas de diálogo com a gestão Allyson. O Conselho Municipal de Saúde foi ignorado pelo prefeito. Daí, Avelino afirmou ao MPRN que a interrupção das cirurgias foi motivada pela suspensão dos repasses financeiros da Prefeitura de Mossoró às instituições prestadoras de serviço, como a Liga de Mossoró, o Hospital São Luiz e a Associação de Proteção e Assistência à Maternidade e à Infância de Mossoró (APAMIM).
Naquele momento, as informações da Central de Regulação indicavam a lista de mil procedimentos pendentes. O que o Conselho Municipal de Saúde chegou a sugerir uma força-tarefa para realizar várias cirurgias, mas foi ignorado pela gestão Allyson Bezerra.
“Tem mulher sangrando há mais de trinta dias, com quadro de anemia, e sem previsão de cirurgia”, denunciou o conselheiro naquele momento, lembrando que muitas dessas mulheres precisam retirar miomas e, em alguns casos, fazer histerectomia.