Oficina promovida pela Embrapa e Sebrae ensina a usar a fibra de caju como alternativa à proteína animal, valorizando a cajucultura e reduzindo desperdícios na produção
Amplamente conhecido no Brasil pela produção de amêndoas, sucos e doces, o caju, fruta nativa do país, também se destaca como uma alternativa viável à proteína animal na gastronomia, especialmente por meio do beneficiamento de sua fibra.
Essa descoberta foi revelada em uma oficina gastronômica realizada em Mossoró, no dia 30 de outubro, em parceria entre a Embrapa Agroindústria Tropical e o Sebrae do Rio Grande do Norte. O evento, ocorrido no Senac local, capacitou um grupo que busca diversificar a cajucultura e gerar renda.
Durante a oficina, os participantes aprenderam a produzir empadas e coxinhas recheadas com fibra de caju, além de pães feitos com o suco da fruta. A chef e empresária paraibana Maiara Souza, responsável pela capacitação, destacou o potencial do produto, afirmando que já testaram mais de 20 receitas substituindo a proteína animal pela fibra de caju com resultados excepcionais.
“Isso mostra o quão elevado é o potencial desse produto e o quanto pode contribuir para a sustentabilidade da cajucultura”, detalhou.
A utilização da fibra de caju não apenas oferece uma alternativa saudável na produção de alimentos, mas também se apresenta como uma solução eficaz para o desperdício do pedúnculo do caju, que atualmente é descartado em aproximadamente 90% de sua produção, segundo estimativas da Embrapa.
Monalisa Azevedo, uma das participantes da oficina e produtora de caju na Serra do Mel, ressaltou a importância de aproveitar a matéria-prima: “Temos muita fibra que na maioria é desperdiçada, e agora vamos poder aproveitar mais e comercializar os alimentos”.
Caju: Inovação e Tecnologia
O aproveitamento da fibra de caju é possível graças à tecnologia desenvolvida pela Embrapa, que transforma os resíduos da agroindústria de sucos e polpas em um coproduto reconhecido pelo elevado teor de fibras, em torno de 60%.
Aline Teixeira, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa, afirmou que o desenvolvimento da fibra de caju visa fortalecer a cajucultura ao ampliar o acesso à tecnologia. “Isso mostra ao produtor que ele pode rentabilizar mais sua produção, não apenas com a castanha, mas também com o pedúnculo”, destacou.
O Sebrae RN, que apoia a realização da oficina, busca estimular a diversificação e a agregação de valor aos produtos resultantes da cajucultura. Paulo Miranda, gerente da Agência Sebrae Oeste, enfatizou as amplas possibilidades que o caju oferece em diversos preparos, incentivando os produtores a explorarem essas oportunidades.
A oficina fez parte da programação da segunda edição do Caju Conecta, que ocorreu de 29 a 31 de outubro em Mossoró, discutindo os rumos da cajucultura nacional por meio de palestras, mesas-redondas e visitas técnicas.