César Santos /defato.com
O tomógrafo de última geração que Mossoró recebeu do Ministério da Saúde, no dia 15 de agosto de 2022, continua encaixotado sem servir à população. O Jornal de Fato denunciou o descaso em 27 de abril deste ano, com publicação de imagem do aparelho estocado no almoxarifado da Prefeitura, registrada pelo vereador Paulo Igo (Solidariedade).
Naquela oportunidade, a Secretaria Municipal de Saúde se manifestou por meio da seguinte nota:
“A Prefeitura de Mossoró informa que a sala onde funcionará o tomógrafo no PAM do Bom Jardim passa por adaptações em sua estrutura e está em processo de finalização para que possa receber o equipamento adequadamente. Dessa forma, a previsão é que o tomógrafo seja montado no mês de maio.”
Hoje, 25 de junho, não há qualquer perspectiva de quando a obra do PAM do Bom Jardim será concluída e de quando o importante aparelho será instalado. O vereador Paulo Igo voltou ao local esta semana e verificou que a obra está praticamente parada. Ele encontrou apenas dois trabalhadores no local, sem equipamentos de trabalho e sem qualquer informação sobre a obra.
Pior ainda: o contrato com a empresa que ganhou a licitação foi encerrado e, até agora, não houve renovação, segundo apurou Paulo Igo.
O caso é muito grave, na medida em que centenas de pessoas estão na fila de espera por um exame de alta complexidade e que precisam do tomógrafo em funcionamento para resolver seus problemas de saúde.
O que mais revolta é que o prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) badalou, por meio de suas redes sociais e a sua estrutura midiática, que a sua gestão havia adquirido o tomógrafo para cuidar da saúde das pessoas. Fotos, vídeos e entrevistas enalteceram o “feito” e afirmaram que o equipamento estaria à disposição muito em breve.
Houve empolgação e a renovação de esperança das pessoas que dependem das políticas públicas para terem acessos a exames feitos pelo aparelho como de tórax, hérnia de disco, joelho, ombro, entre tantos outros solicitados pelos médicos.
Até agora, nada.
Aliás, não há justificativa para o tomógrafo continuar encaixotado. Já são 10 meses. Não existe explicação minimamente aceitável para a lentidão da obra no Centro Clínico Professor Vingt-un Rosado, conhecido como “PAM do Bom Jardim”, onde o aparelho deve funcionar. Mais grave ainda é que a sala onde será instalado o tomógrafo há indícios de inadequações, como portas pequenas e falta de acessibilidade.
Não é só isso que acontece de ruim na saúde pública municipal. Uma reportagem do Jornal de Fato já havia denunciado o cenário de abandono, mostrando, para comprovar, as péssimas condições da Unidade Básica de Saúde (UBS) Maria Ferreira, localizada na localidade rural da Barrinha, distante apenas 11 quilômetros do perímetro urbano de Mossoró.
Casa velha, material encalhado, entulhos, mato tomando de conta e galinhas soltas no quintal e médico atendendo paciente na sombra de uma árvore. Não fosse o letreiro na parede, ninguém conseguiria identificar que ali funciona uma unidade de saúde pública.
É o caos. Infelizmente.