A estrutura da saúde pública do município de Mossoró não está boa. Por gravidade, o atendimento à população com carteirinha do Sistema Único de Saúde (SUS) piora a cada dia. Os relatos são preocupantes, alguns assustadores mesmo, e nada é feito pela gestão municipal para mudar o cenário.
Nesta semana, uma denúncia apontou que na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do bairro Belo Horizonte, que atende aos moradores da zona sul da cidade, não tinha material para sutura e curativo. Um cidadão que sofreu acidente de trabalho, com corte profundo em uma das mãos, foi orientado a buscar socorro em outro lugar.
Também estourou a reclamação dos médicos que atendem nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) que não recebem pagamento pelos serviços prestados há três meses. A situação só não é pior porque os profissionais decidiram que não vão paralisar as atividades. Eles entendem que a população, já machucada, não pode sofrer mais um golpe com a falta de assistência.
O que incomoda aos médicos, com razão, é que o Ministério da Saúde faz o repasse mensal rigorosamente em dia, cabendo à Prefeitura apenas transferir os recursos do SUS para o destino correto. Na Secretaria Municipal de Saúde, nenhuma informação é liberada.
Sobre a cobrança feita de público pelos médicos, a única reação do Palácio da Resistência foi escalar o seu batalhão midiático para espalhar que os profissionais não estão falando a verdade. A mesma tática que o prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) usou para atingir os professores e professoras do município, quando a categoria fez greve cobrando o cumprimento da lei do piso salarial do Magistério.
O fato é que a saúde municipal está um caos. Aliás, já denunciado em reportagem do Jornal de Fato, que mostrou a destruição de uma UBS na zona rural onde um médico aparece atendendo uma paciente na sombra de uma árvore, dividindo espaço com galinhas e animais domésticos.
A reportagem do Jornal de Fato também ouviu relatos que tem comunidade que o atendimento é feito em alpendre de um bar porque não tem espaço para acomodar a estrutura da saúde.
Essa Mossoró, real, contrasta com a cidade pintada pela mídia oficial e pelo marketing do próprio prefeito Allyson, um craque nas redes sociais e nas plataformas convencionais. A maquiagem procura enganar um cidadão menos esclarecido, que acaba acreditando que por essas bandas está tudo bem, obrigado.
Não está.
Mossoró vive uma crise profunda de gestão. Não há projeto, não há planejamento, não há um norte que possa apontar para um futuro melhor. Sobra, porém, propaganda paga com dinheiro do sofrido contribuinte, para que o chapeuzinho de couro e as sandálias da humildade presenteadas pela Igreja Católica visitem os bairros, previamente preparados, para mostrar ao mundo que a cidade vai bem.
Aliás, imagem que ganhará as manchetes daqui a pouco com o alavantú e anarriê do Mossoró Cidade Junina, seguidos do Sal & Luz, Festa do Bode, Festa da Liberdade e Estação Natal.
SAÚDE DE MOSSORÓ NA UTI
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