Por César Santos / Jornal de Fato
O bate-boca entre o senador e candidato a governador Styvenson Valentim (Podemos) e o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (Solidariedade), saiu das redes sociais para as barras da Justiça. Styvenson entrou com uma representação criminal contra Allyson sob alegações de injúria e difamação. A ação foi impetrada no 4º Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca de Mossoró.
O processo é assinado por Styvenson e representado pelos advogados Antonio Aparecido Belarmino Júnior e Glauber Guilherme Belarmino.
O candidato a governador não gostou de ser chamado – pelo prefeito – de “mentiroso, arrogante e mal informado” e decidiu, via Justiça, cobrar responsabilidade do chefe do Executivo mossoroense. O ataque de Allyson se deu ao rebater uma informação, dada por Styvenson, de que não teria feito prestação de contas de emendas destinadas pelo senador para bancar cirurgias eletivas em Mossoró.
A arenga entre o senador e o prefeito começou em podcast em que Styvenson afirmou que não mandaria mais recursos para Mossoró porque a gestão municipal não presta contas. Com seu jeito de falar, de forma direta, o senador foi taxativo: “O cara disse que ia mandar a lista e nunca mandou. E fica posando disso e daquilo. Mande a relação, publique para as pessoas verem que são essas pessoas que vão fazer cirurgias. Eu nunca vi. Agora o dinheiro tá lá, foi mandado, de emenda individual”.
Styvenson foi ainda mais duro: “Dor de barriga não dá só uma vez não. Eu ainda tenho quatro anos lá. Vamos ver se ele (Allyson) tem coragem de ir lá. Sem prestar conta, não perca seu tempo, prefeito, de ir lá em Brasília não. Passe para outro gabinete. Não vou mandar dinheiro e vou dizer por que não mando para a cidade. ‘Ah, mas então eu não dou apoio’. F… com o seu apoio. Não estou nem aí para ele. Nunca cobrei emenda por apoio.”
O senador ainda se colocou como um exemplo de transparência na vida pública: “Aqui eu dou transparência, abri todas as minhas contas, abri sigilo bancário, abri fiscal, tudo o que quiser, abri tudo e pra todo mundo ver, se o MP for me investigar, não precisa pedir autorização a um juiz, precisa pedir autorização ao STF para investigar as minhas contas, estão aberta já, pode ir lá investigar”.
Allyson Bezerra usou o mesmo tom e deu resposta dura, afirmando que Styvenson estava faltando com a verdade. “Senador mentiroso, arrogante e mal informado, você recebeu desde abril as informações das cirurgias que solicitou. Foi enviado, via ofício, pelo próprio MP os documentos que a Secretaria de Saúde mandou”, postou o prefeito em suas redes sociais.
Na mesma postagem, Allyson apresentou uma documentação afirmando que o Ministério Público enviou ao gabinete do senador, em Brasília, informações repassadas pela Secretaria Municipal de Saúde relativa ao uso de R$ 3.339.993,00 “para realizações de cirurgias eletivas”. As informações foram repassadas, segundo o prefeito, em 11 de abril deste ano.
Mossoró não está realizando cirurgias eletivas, denuncia vereadora Marleide Cunha
A vereadora Marleide Cunha (PT) denunciou que a rede municipal de saúde de Mossoró não está realizando as cirurgias eletivas. Ela levou o assunto para o plenário da Câmara Municipal nesta terça-feira, 23, afirmado que tem recebido reclamações constantes da população.
A vereadora afirmou que as pessoas mais necessitadas estão sofrendo com a ausência de cirurgias eletivas, ressaltando que são pessoas sem condições financeiras para bancar o tratamento de saúde. Segundo Marleide, o Poder Público alega a ausência de insumos para a realização das operações, o que não convence, em sua opinião, ao questionar as cirurgias que são realizadas em outros municípios da região, como em Almino Afonso, que é bem menor do que Mossoró.
De acordo com a vereadora, outro problema que dificulta a execução das cirurgias é que não há repasse de verbas ao Hospital Maternidade Almeida Castro, e disse que tem o desejo, assim como a população, de entender o que está acontecendo para a existência desse problema. “São apelos que a sociedade faz em relação à saúde e que trazemos aqui para termos respostas”, afirmou.