O Rio Grande do Norte lidera a produção nacional de energia eólica e ocupa a 5ª maior posição no Nordeste em geração distribuída, na energia solar. O estado se apresenta como o vetor da transição energética no Brasil, inclusive, com projetos audaciosos perseguidos pelo governo Fátima Bezerra (PT), como a implantação de um Porto-Indústria Verde.
O que é isso?
Trata-se de uma estrutura multiuso, que será construída no município de Caiçara do Norte, litoral norte potiguar, para fortalecer a produção de energia renovável. O projeto, com assinatura do Governo do Estado, está incluído do Novo PAC. A obra será feita a partir de Parceria Público-Privada e custará 5,7 bilhões.
A previsão do Governo Estadual é que ele já esteja em funcionamento no último trimestre de 2026. O Governo Federal liberará verbas iniciais para desapropriação da área. A nova estrutura portuária vai destravar as dificuldades de escoação dos produtos já produzidos no Rio Grande do Norte, como sal, frutas e ferro.
Beleza.
Só que há uma grande preocupação nesse momento, que pode comprometer todo o projeto, que é exatamente a tímida estrutura de linhas de transmissão, a demora do processo de emissão de licenças ambientes, embora o Idema tenha concentrado esforços, e a falta de pessoal qualificado para a atividade de mercado.
Esse conjunto de motivos foi apresentado por especialistas como a causa da queda do Índice de Confiança das Energias Renováveis (ICER) do Rio Grande do Norte. O estado alcançou o patamar de 76,30 em setembro, em um movimento de retração puxado por gargalos que pairam, exatamente, sobre licenciamentos, legislação e sobre o mercado de trabalho.
O recuo, de 0,90%, em comparação ao resultado anterior, de junho (76,90), foi apresentado à Comissão Temática de Energias Renováveis da Federação das Indústrias do Estado (FIERN). Os dados são medidos pelo Observatório da Indústria MAIS RN, núcleo de planejamento estratégico contínuo da Federação.
O ICER, termômetro da confiança do setor no estado, é uma sondagem qualitativa que mede a percepção de atores considerados estratégicos nesse fórum, incluindo empresas, governos, associações e agentes financeiros. A construção do indicador parte de uma pergunta simples: como avalia os últimos três meses para o setor das energias renováveis (eólica e solar, concentrada e distribuída) no Rio Grande do Norte?, considerando que, de 0 a 10, qualquer valor abaixo de 5 representa insegurança.
Um movimento contínuo de piora na confiança da atividade é identificado no levantamento desde dezembro do ano passado. Esta foi a 6ª sondagem realizada junto ao setor. A avaliação é feita com periodicidade trimestral.
Apesar da queda, os valores apresentam acima de 50, o que é considerado bom. Porém, o cenário dá sinais de perda de confiança. A redução (verificada no índice) é pequena, mas chama a atenção porque o otimismo do restante da indústria cresceu.
Esta foi a primeira vez, na série histórica, em que a trajetória das atividades se inverteu. Antes era a indústria insegura e as energias renováveis crescendo. Agora, enquanto a indústria cresceu 0,75% em confiança, o ICER recuou 0,90%.