Fotos de Carlos Costa
Quem passa pelo chamado centro comercial de Mossoró se depara como o abandono da histórica praça Bento Praxedes, um dos principais cartões postais da cidade. O cenário é de destruição com calçadas e bancos quebrados, fonte de água sem funcionar, relógio parado e sistema elétrico totalmente inutilizado

A praça, localizada entre as ruas José de Alencar, Tiradentes, Alfredo Fernandes e Francisco Isódio, sempre foi motivo de orgulho da população, tendo em vista a sua história política e social. No passado, foi espaço para grandes shows, instalação de circos, eventos religiosos e movimentações políticas. Além disso, homenageia um dos homens que construiu um legado importante no início do século passado. A memória de Bento Praxedes merece maior zelo por parte da administração municipal.

Fonte com relógio digital quebrado
As pessoas que passam pela praça atestam o abandono e pede providências ao prefeito Allyson Bezerra. O que faz a comerciária Luciana Freitas de Oliveira. “A Prefeitura de Mossoró não pode fazer de conta que a praça não existe. Isso depõe contra a gestão do prefeito e contra a cidade de Mossoró como um todo”, afirma.

Instalação elétrica destruída
A gestão municipal não pode alegar que não tem recursos para realizar a obra de reforma da Praça Bento Praxedes. Quando assumiu a Prefeitura, ainda em 2021, o prefeito Allyson recebeu em caixa quase R$ 200 milhões para obras na cidade, dinheiro carimbado pelo Finisa e por emendas parlamentares do ex-deputado federal Beto Rosado. Entre os projetos do Finisa, estavam inseridas obras de reforma e ampliação de praças públicas.

Piso quebrtado
Além desses recursos, de origem federal, a Prefeitura de Mossoró vive o seu melhor momento do ponto de vista financeiro. Em junho, por exemplo, a gestão Allyson gastou em torno de R$ 50 milhões no Mossoró Cidade Junina. Agora em julho tem a festa dos evangélicos Mossoró Sal & Luz e em agosto a Prefeitura gasta mais recursos com a Festa do Bode.
São projetos importantes para a economia e cultura da cidade, mas que não podem deixar de lado outras áreas que precisam de investimentos, como é o caso da Praça Bento Praxedes e de dezenas de outros logradouros públicos em ruínas.
A última grande reforma ocorreu na gestão Fafá Rosado

Até o início do século passado, a Praça Bento Praxedes era apenas uma quadra de rua. Depois virou praça e ganhou um capítulo na história política da cidade, quando na década de 50 passou a ser chamada popularmente de “Praça do Codó”. A palavra codó significa algo que dar azar, crendice esta atribuída a políticos que não se elegiam, após realizarem seus comícios neste local. Com o passar do tempo, essa história perdeu força.
Foi em 2011 que a praça Bento Praxedes ganhou a sua maior obra. A gestão da então prefeita Fafá Rosado investiu R$ 1,3 milhão para revitalizar a área construída de 3.567,77 m².
A nova praça Bento Praxedes recebeu piso cerâmico, blocos de concreto de elevado padrão de resistência, intertravados, sinalização tátil em mosaico para facilitar o acesso de pessoas com necessidades especiais. Um pórtico central deu sustentação a dois relógios analógicos revestidos em chapa de alumínio escovado, material de bela feitura.
Uma fonte luminosa ocupou uma área de 210 m² revestida com pastilhas em porcelana e 116 projetores de luz subaquática, 120 bicos aspersores e sete conjuntos de moto-bombas, e uma passarela interligava os lados da fonte. A praça ganhou 28 bancos com estrutura de ferro e 28 assentos em madeira ipê, postes com lâmpadas a vapor mercúrio e outros 26 postes decorativos com duas lâmpadas de vapor metálico de 150 watts cada.
A Bento Praxedes também recebeu o Balcão de Informações Turísticas (hoje desativado), abrigo e vagas para táxi, 52 vagas de estacionamento para carros e uma área de 216 m² destinada a motos e bicicletas, veículos utilizados por comerciários do centro.
Com a criação de novos espaços, a Bento Praxedes recebeu 52 mudas de espécies como Ipê, Saponara e Craibeira, hoje totalmente comprometidas. Outras espécies arbóreas são remanescentes da praça antiga, já que a gestão Fafá Rosado fez questão de preservá-las no projeto da reforma.

Patrono
Bento Praxedes Benevides Pimenta foi um líder político e jornalista em Mossoró. Ele sucedeu seu sogro, Coronel Francisco Gurgel, e fundou o jornal “Correio de Mossoró”, que circulou de 1904 a 1917. Nasceu em Martins em 1º de fevereiro de 1871 e faleceu em Mossoró em 29 de abril de 1922. Ele também desempenhou um papel significativo na política local, sucedendo seu sogro como figura influente. Apesar dos cargos que ocupou, da sua influência política e até mesmo do jornal que tanta projeção lhe deu, morreu pobre. Não deixou mais que um passado honroso para sua família.
Da Redação do Jornal de Fato