Joyce Moura
A invisibilidade social é uma realidade cruel que afeta milhares de pessoas todos os dias. Nas ruas, os rostos que passam despercebidos carregam histórias de lutas, sonhos e, muitas vezes, fé. Eduardo é um desses rostos. Na entrada de Mossoró, sentido quem vem de Fortaleza, às margens da BR 304, na altura do hotel Thermas, ele mora em uma espécie de casa montada com muito esmero, mas sem paredes e sem teto. Embora não tenha muito, Eduardo faz dela um lar.
Dentro desse espaço, onde poucos enxergam dignidade, ele colocou alguns móveis e utensílios que encontrou nos lixos das casas vizinhas. Para muitos, a vida de Eduardo pode parecer um caminho sem esperança, uma trajetória marcada pelo abandono e pela indiferença da sociedade. Mas, para ele, cada amanhecer é uma nova oportunidade de acreditar no Pai, de se fortalecer na fé que carrega no coração. O sorriso que estampa em seu rosto, mesmo nos dias mais difíceis, é um testemunho da sua força e da sua crença em algo maior.
Eduardo nos ensina que, mesmo na invisibilidade, é possível ter esperança. Sua fé é a força que o move, e seu sorriso, uma forma de mostrar que, apesar das circunstâncias, ele ainda acredita no amor e na compaixão que vêm do Pai. Em sua simplicidade, ele nos lembra que a verdadeira riqueza está na capacidade de amar e de acreditar, mesmo quando tudo parece perdido.
A falta do olhar do poder público para pessoas como Eduardo é um reflexo doloroso da desigualdade social. A ausência de políticas públicas efetivas que acolham e amparem aqueles que vivem nas ruas revela um cenário de abandono e descaso. O poder público, que deveria ser o primeiro a estender a mão, muitas vezes vira o rosto, ignorando a realidade de quem vive às margens, tanto das estradas quanto da sociedade. As iniciativas que deveriam garantir moradia digna, assistência social e oportunidades de reintegração parecem estar sempre distantes, deixando essas pessoas entregues à própria sorte. Essa indiferença aprofunda a exclusão, perpetuando um ciclo de invisibilidade que condena pessoas como Eduardo a lutarem sozinhas, com suas forças e sua fé como únicos recursos para seguir adiante.
