A menina recebe um santinho de um candidato. Imediatamente o rasga ao meio. A tia, estupefata, pergunta o porquê daquela atitude. Sem pestanejar a criança, que tem 7 anos de idade, responde: ele roubou nosso dinheiro.
A menina não lê jornais, não ouve rádio, não acessa internet. Chama a atenção não só ter rasgado o papel, mas a forma como se comportou em relação ao candidato: demonstrando sentimentos que um ser tão inocente não deveria ainda expressar.
A criança confessa: foi na igreja que ouviu dizer que o homem seria ladrão. Não importa quem seja a pessoa, não interessa quem tenha falado, de somenos importância em que momento se proferiu a tal afirmativa: é de uma violência gritante fazer esse tipo de afirmação para uma criança. Por várias razões.
A primeira delas é que fazer certas afirmações em ambientes em que não se aceita o contraditório já é uma violência em si.
A segunda é que afirmar certas coisas sem mostrar um outro lado, uma outra possibilidade, é uma violência contra qualquer pessoa que esteja ouvindo-as. Para crianças, então.
Por fim, é uma violência grave, absurda, dantesca, violar a inocência de um ser, dentro de um ambiente onde se deveria falar apenas de paz, justiça e amor.
Enquanto em algumas igrejas se condenam pessoas sem direito à defesa, se aceita que líderes – políticos e/ou religiosos – disseminem ódio, proponham matar adversários e blasfemem contra Jesus. Não é pela família. Nunca foi pela pátria. Jamais será por Deus.