Uma das preocupações mais comuns para os pais de crianças e adolescentes é como lidar com o tempo cada vez maior que eles passam na frente das telas. Muito mais conectados que as gerações anteriores, eles não conseguem viver longe do celular, e estar “offline” pode parecer o fim dos tempos.
Em um mundo cada vez mais tecnológico, os adultos temem que limitar a experiência dos mais novos pode fazer com que o filho fique para trás. Por outro lado, ameaças como sedentarismo, sobrepeso, bullying e transtornos emocionais, entre outras, são foco de atenção diária. Como achar um ponto de equilíbrio entre destreza digital e os riscos para a saúde física e emocional?
Um interessante artigo publicado esse mês no site “Make it” pelo educador norte-americano Richard Culatta, CEO da ISTE (International Society for Technology in Education) e autor do Livro “Digital for Good: Raising Kids to Thrive in an Online World” (Digital para o Bem: Criando Crianças para Prosperar no Mundo Digital) propõe novas formas de negociar com os filhos sobre esse tema.
Para ele, insistimos muito na questão do tempo de uso de tela e dos riscos que isso traz para a saúde física e emocional, mas não é incomum que esses pedidos repetidos quase todos dias sejam ignorados pelos mais novos ou que essa mensagem não chegue da forma como gostaríamos.
O que e como falamos com eles sobre tecnologia pode fazer toda a diferença em sua habilidade futura de estarem bem adaptados às demandas do mundo contemporâneo. Para evitar impactos negativos, Culatta sugere frases que deveriam ser banidas e propõe alternativas que poderiam sem empregadas.
Evite estas frases a falar com seu filho sobre uso de telas
1. “Você está viciado no seu celular!”
Em geral não é o celular que é viciante e, sim, um aplicativo ou rede social que está sendo “super” utilizado e pode criar um desbalanço ou até ser aditivo. Nesse caso, prefira focar nos temas que são a fonte real de preocupação, por exemplo: “Você não fez nenhuma atividade física hoje”, ou ainda, “Você anda muito distante da sua família!”.
2. “Você está muito tempo jogando”
O jogo em si também não é o problema, mas o excesso de tempo gasto com ele em detrimento de outras possibilidades digitais (ou não). O ideal seria mostrar para a criança outras atividades em que elas poderiam investir seu tempo na frente de uma tela, como um filme ou um videoclipe.
3. “Pare de ficar sentado na frente do computador o dia todo”
Aqui a questão não deveria ser apenas ficar sentado, mas sim a preocupação com as alternativas que os pais estão sentindo falta. Por exemplo, se for ler um livro, a criança também tende a ficar sentada ao ler, ou ainda, ela pode ler um livro em uma tela qualquer. Assim, o ideal seria explicitar o que está faltando (uma leitura, uma atividade física, uma refeição com os pais etc.).
4. “Você precisa interagir com pessoas reais”
No mundo deles não existe diferença concreta entre real e virtual. As redes sociais promovem encontros com amigos reais (eles existem) e possibilitam o encontro com muitos contatos ao mesmo tempo. Melhor seria comentar que a família está sentindo falta de tempo junta, ou ainda que encontrar amigos fora das telas também podem ser uma experiência muita rica e proveitosa.
Em resumo, em vez de focar em aspectos negativos como vício em telas, dependência de jogos, excesso de uso de redes sociais e limitações impostas pelas experiências digitais, ofereça outros cenários e possibilidades de comportamento, entretenimento, aprendizado e interações sociais que ofereçam alternativas para uma melhor distribuição e balanço do tempo para as crianças e adolescentes. Ou seja, não desmereça as telas e tecnologias, mas mostre que elas podem conviver muito bem com outras possibilidades.
Fonte: uol.com.br