Agosto é o mês que simboliza a luta pelo incentivo a amamentação. Cada mãe carrega consigo uma responsabilidade gigante, a recém-mãe, além do peso do puerpério, muitas vezes se cobra e é cobrada para amamentar. Todos os relatos e trajetórias das mães devem ser ouvidos e entendidos. Todas as mães são mães independentes de amamentar ou não. Durante esse mês iremos trazer relatos de algumas mães em diferentes situações de amamentação. As mamães devem ser ouvidas, entendidas e acolhidas.
Renata Carvalho, 30 anos, Mãe do Dom, de 2 anos e 4 meses e grávida do segundo filho ou filha.
Amamentar foi um desejo enorme durante a gestação. Quanto mais estudei, mais quis amamentar meu filho. Mas a inexperiência quase me tirou o aleitamento, pois acreditei que ferir e sangrar o seio era normal e esperado. Sendo que não foi assim tão natural e minhas feridas não foram normais, infeccionaram, tive que me medicar e fui proibida de amamentar no seio por duas semanas, depois três e depois alternando os seios por mais intermináveis dias. E, nesse processo lento de cicatrizar os mamilos, meu recém nascido faminto tomava o leite que eu ordenhava dia e noite, sem parar. De tanta exaustão e frustração por não conseguir dar conta de ordenhar o suficiente pra alimentá-lo, recorri a complementar com fórmula por cerca de um mês e meio. Depois disso veio o novo desafio. Dom desenvolveu alergia à proteína do leite de vaca. Passei a não comer nada com leite, depois nada traços de soja, corante, ovo e outras restrições, até conseguir estabilizar os sintomas todos. Foi muito difícil. 1 ano de dieta restritiva, muitos quilos a menos, mas a recompensa veio: Dom ficou plenamente curado da alergia e passou a comer de tudo também. De lá pra cá, doamos muito leite ao banco para ajudar os bebês e mães que precisaram desse apoio, e tivemos muitos momentos de conexão nesse gesto que é alimento e puro afeto. Tenho muito orgulho dessa história, de ver meu filho sem alergias, tomando seu amado peté (como ele chama o seio), de ter conseguido, com o apoio do meu marido, superar os desafios que eu achei que me impediriam de amamentar e ainda retribuindo e multiplicando esse leitinho como pudemos. Dom tem 2 anos e 4 meses, mama nos cochilos da tarde, e agora vai dividir o leitinho com seu irmão ou irmã, que já está na barriga.
Renata agora vive uma nova experiência de amamentação o Aleitamento materno em tandem. O aleitamento materno em tandem é quando uma mãe que está amamentando seu filho e volta a ficar grávida decide não parar de amamentar e continuar o aleitamento durante toda a gravidez.
A amamentação na gestação tem sido dolorida para os mamilos, mas é mais desafiadora no campo das dúvidas. Será que o leite vai secar? Será que vou dar conta de amamentar dois? O Dom vai conseguir entender que o leitinho não é só dele mais? Mas essas são cenas para os próximos capítulos, o importante é o amor nos guiar até lá, ( com peté ou sem peté.) Sou muito orgulhosa da nossa história de amamentação aqui, mas nenhuma mãe deve ser “desmerecida” por desistir, por esgotar as suas possibilidades. O importante é ir até onde a gente pode ir. Nem todo mundo tem as condições que eu tive, às vezes é falta de apoio, de informação. Cada uma tem uma história!! O importante é ter muito amor envolvido!