Por César Santos – Jornal e Fato
No papel, o presidente do União Brasil no Rio Grande do Norte é o ex-senador José Agripino Maia; na prática, quem comanda a legenda é o deputado federal Benes Leocádio, apoiado pelo outro parlamentar federal do partido, o pré-candidato a prefeito de Natal Paulinho Freire.
Essa divisão ficou bem exposta no processo da sucessão municipal em Natal e Parnamirim. Na capital, Paulinho contrariou Agripino quando decidiu ser candidato a prefeito com apoio de Benes Leocádio e a influência direta do senador Rogério Marinho, líder do PL do Rio Grande do Norte. O interesse de Agripino era levar o partido para outro palanque, de preferência, do ex-prefeito Carlos Eduardo (PSD), que lidera as pesquisas em Natal.
Em Parnamirim, o desconforto surgiu nesta semana, quando Benes e Paulinho, acompanhados de Rogério Marinho, anunciaram apoio à pré-candidatura de Salatiel de Souza (PL), em detrimento do desejo de Agripino de apoiar a professora Nida (Solidariedade). Agripino indicou a atual vice-prefeita Kátia Pires (União) para compor chapa com Nida.
Sem mandato desde 2019, quando encerrou as suas atividades no Senado da República, Agripino Maia perdeu espaço na política potiguar e viu a sua liderança fragilizada. Por gravidade, Benes Leocádio e Paulinho Freire, com mandatos, passaram a ter mais influência no União Brasil. Os dois parlamentares estão impondo os seus interesses políticos e eleitorais em colégios importantes no Estado.
Tropical
Agripino tentou amenizar o problema com uma versão divorciada da realidade. Nesta quinta-feira, 27, em sua emissora de televisão, a TV Tropical de Natal, ele disse que não há racha interno no União Brasil.
Com relação à Parnamirim, o ex-senador comentou que Benes e Paulinho foram para o outro lado em retribuição ao apoio que eles receberam nas eleições de 2022.
“Não existe racha interno. Benes e Paulinho receberam votos do sistema de Taveira em 2022 e estão retribuindo esse gesto, que foi conversado e discutido internamente”, disse na entrevista à jornalista Mara Godeiro.
Benes Leocádio e Paulinho Freire evitam tratar sobre o assunto de público, no entanto, têm afirmado aos seus liderados, como em Natal e Parnamirim, que o destino do União Brasil no Rio Grande do Norte está nas mãos deles e que serão eles que conduzirão os projetos eleitorais da legenda.
Rogério Marinho é a razão da crise no União Brasil
Na entrevista à jornalista Mara Godeiro, o ex-senador José Agripino afirmou que o projeto do União Brasil é sair forte das eleições de 2024 para “conquistar” o Governo do Rio Grande do Norte em 2026. Essa é outra dificuldade que Maia enfrentará diante dos deputados Benes Leocádio e Paulinho Freire. Explica:
Agripino antecipou o seu desejo para 2026 ao lançar a pré-candidatura do prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil). Sem pedir segredo, ele afirmou que Allyson é o seu candidato a governador, apostando que o prefeito renovará o mandato nas eleições municipais deste ano.
Na outra ponta do União Brasil, o projeto 2026 tem outro nome: Rogério Marinho, do PL. Benes e Paulinho querem apoiar o senador para o governo do Estado. Eles firmaram parceria a partir das eleições municipais 2024, quando Rogério levou o PL para apoiar Paulinho à Prefeitura de Natal, e Benes e Paulinho anunciaram apoio ao candidato do PL, Salatiel de Souza, à Prefeitura de Parnamirim.
Rogério Marinho e Allyson Bezerra cortaram as relações políticas recentemente, com o PL lançando o ex-vereador Genivan Vale à Prefeitura de Mossoró. Caso Allyson decida ser candidato em 2026, certamente não terá o apoio do União Brasil de Benes e Paulinho Freire.