Por César Santos – Jornal de Fato
A reportagem do Jornal de Fato, edição desta quarta-feira, 8, que denunciou o abandono da Unidade Básica de Saúde (UBS) Marina Ferreira, na localidade Barrinha, foi repercutida no plenário da Câmara Municipal de Mossoró. O vereador Paulo Igo (Solidariedade) exibiu o exemplar do jornal para fazer duras críticas ao cenário de caos na saúde pública municipal.
Por sua vez, a gestão do prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) optou pelo silêncio. Ou, pelo menos, não atendeu à solicitação da versão oficial feita pelo De Fato. A reportagem chegou a conversar, por telefone, com o jornalista Thiago Martins, que cobre as notícias oficiais da Secretaria Municipal de Saúde. Ficou acertado que a editoria de política aguardaria um comunicado sobre o assunto, mas não foi feito até o prazo definido.
Enquanto isso, no plenário da Câmara Municipal, Paulo Igo revelou a indignação dos moradores da comunidade Barrinha, que está sem assistência à saúde de qualidade. Segundo o vereador, a imagem de um médico atendendo paciente na sombra de uma árvore, no quintal da UBS, é o retrato da precariedade da saúde pública em Mossoró, especialmente na zona rural.
“É uma vergonha olhar para a UBS Marina Ferreira, na Barrinha, e só lembra ser uma unidade básica de saúde pelo letreiro”, protestou.
Paulo Igo reafirmou a denúncia, feita por moradores ao Jornal de Fato, que a Unidade Básica de Saúde está completamente deteriorada. Também lamentou estar sendo impedido, como outros vereadores de oposição e assessores, de adentrar em órgãos públicos para inspecionar as repartições.
Ele propôs ao presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, vereador Costinha (MDB), inspeção nas UBS da zona rural. “Na Barrinha, o médico atende debaixo de uma árvore, em meio a galinhas, num quintal da casa alugada para sediar a UBS”, lamentou.
Na Maísa, conforme Paulo Igo, falta gabinete odontológico, medicamentos. “No assentamento Jurema, há falhas no atendimento pela ausência de medicação, médico em muitas vezes também não há”, acrescentou.
O vereador ainda frisou que a Prefeitura só anunciou a construção de UBS da Barrinha, após o caso vir à tona, em mobilização de moradores. “Lá também falta medicamentos. Conseguiram umas caixas, às pressas. Tenho foto de medicamentos vencidos jogados no quintal da UBS”, denunciou.
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Caos em UBS afeta cerca de 1.800 moradores da Barrinha
Profissional atende paciente na sombra de uma árvore
O cenário é de abandono na UBS Marina Ferreira, na localidade da Barrinha, distante 11 quilômetros do perímetro urbano de Mossoró. A reportagem do Jornal de Fato constatou a sede em uma casa velha, material encalhado, entulhos, mato tomando de conta e galinhas soltas no quintal.
Os moradores registraram o caos em fotos e vídeos para denunciar o que eles consideram abandono por parte da gestão municipal. O abandono afeta cerca de 1.800 moradores da Barrinha.
Um vídeo que circula nas redes sociais, como forma de denúncia e, também, de pedido de socorro às autoridades públicas, mostra um profissional atendendo paciente na sombra de uma árvore no quintal da UBS. É possível ver galinhas no local, dividindo espaços. O profissional decidiu ir para a área aberta porque a velha estrutura do prédio está comprometida, e não oferece condições mínimas de funcionamento e de segurança. Inclusive, o sistema de ar condicionado não funciona, impossibilitando o uso da sala de atendimento em razão do forte calor.
Os moradores afirmam que falta de tudo na UBS. Eles denunciam que até um dentista lotado na unidade está impedido de atender as pessoas porque não tem material para usar nos procedimentos. A situação só não está pior porque a Secretaria Municipal de Saúde, quando soube da realização dos protestos, enviou caixas de medicamentos, como forma de amenizar o cenário. O prefeito Allyson Bezerra usou a propaganda oficial para renovar a promessa de construção de uma nova UBS na Barrinha.
A moradora Larisse Alves de Menezes Silva atesta que a falta de medicamentos é constante, inclusive, ela fez uma lista de remédios que não são encontrados na UBS. O documento foi entregue ao vereador Paulo Igo (Solidariedade), que visitou a comunidade para constatar a situação in loco. “Realmente, é muito grave o que está acontecendo na Barrinha, pude ver de perto o caos instalado no local”, afirma o vereador.
Os moradores esperam, com a denúncia, provocar o Ministério Público Estadual (MPRN) para investigar a situação. Eles entendem que é impossível ter acesso à saúde dessa forma e que a vida das pessoas está sob risco já que não tem assistência.
A construção da sede própria da UBS Marina Ferreira foi uma promessa de campanha do candidato Allyson Bezerra. Ele discursou na localidade de Barrinha afirmando que tão logo assumisse o mandato, a sua gestão construiria a nova unidade de saúde.
Dois anos e dois meses depois, nada foi feito. Pelo contrário. A situação se agravou com o avançado estado de deterioração da casa (alugada) onde funciona a UBS.
Larisse Alves disse que há informação, não oficial, que o prefeito Allyson tenciona transferir os servidores da UBS Marina Ferreira para a UBS da Penitenciária Agrícola Mário Negócio, na comunidade de Riacho Grande. Se isso ocorrer, os moradores da Barrinha terão que se deslocar para a vizinha localidade, distante 5 quilômetros.
O fato é que a população da Barrinha está se virando do jeito que pode. Quem tem alguma condição, procura bancar a assistência à saúde. Já os mais necessitados, estão sem ter a quem recorrer.