Há uma máxima popular que diz que o ano começa quando termina o Carnaval. De fato, o Brasil vive um início de ano de festa. Férias em janeiro; Carnaval em fevereiro. As contas ficam para depois. Quase uma regra no passado, um pouco diferente na atualidade.
Agora, quando é ano pré-eleitoral, o pós-carnaval sugere o início da caminhada dos que pretendem disputar o pleito do ano seguinte. Por gravidade, as especulações ganham força.
Sem querer, querendo, a coluna abre a temporada das conjecturas com vistas à sucessão na Prefeitura de Mossoró, levando em conta o que já foi produzido pelos personagens que certamente estarão no processo eleitoral.
Primeiro, deve ser dito que a única certeza é que o prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) buscará a reeleição. Exercerá um direito natural. Mudará de partido para fortalecer a postulação, devendo desembarcar no União Brasil, em via de formação de uma federação partidária com o Progressistas. No RN, liderado pelo ex-senador José Agripino, neoaliado do prefeito de Mossoró.
Allyson reúne as boas condições de pedir ao eleitor o segundo mandato. A sua gestão não é uma “Brastemp”, mas a competente estrutura midiática leva à aprovação. O próprio prefeito é um garoto propaganda de boa desenvoltura. Chapeuzinho de couro no quengo, discurso bom e excelente marqueteiro nas plataformas eletrônicas e convencionais.
Pode ser dito que, se as eleições fossem hoje, Allyson renovaria o mandato até com certa facilidade. Agora, os 20 meses que nos separa das eleições municipais são desafio para o prefeito se manter na crista da onda. Até aqui, ele usou bem o dinheiro do Finisa e das emendas do ex-deputado Beto Rosado (PP). Uma montanha de quase 200 milhões de reais. Mas, está se acabando. O prefeito precisa de mais dinheiro novo para bancar o ritmo. Ele espera contratar empréstimos com instituições financeiras, autorizados pela Câmara Municipal. Depende, porém, de quando esse dinheiro cairá nos cofres do município.
Com dinheiro, o espetáculo continua. Sem dinheiro, a história muda de figura. O prefeito vai enfrentar greve dos professores, com início marcado para a próxima quinta-feira, 23, porque ele ainda não implantou o novo piso salarial do magistério. E, provavelmente, terá dificuldades com outras categorias de servidores, que pedem recomposição salarial de 35%. Esses movimentos podem desgastá-los. Daí, a necessidade de contratar empréstimos para, com dinheiro novo, abafar o grito dos contrários.
Na oposição, a deputada de segundo mandato Isolda Dantas (PT) pretende disputar a Prefeitura outra vez. Tem o apoio do seu partido. No entanto, não é um nome que agrega a oposição. A parlamentar tem dificuldade de sair da bolha para dialogar com outros partidos e grupos políticos. Não aprendeu a lição do presidente Lula, que teve que “engolir” Geraldo Alckmin para voltar ao poder.
O vereador Pablo Aires (PSB) pode ser uma alternativa. Ele se fortaleceu em segmentos importantes da cidade. Sem dúvida, um nome a ser considerado em disputa majoritária, seja na cabeça da chapa ou como candidato a vice-prefeito.
E tem a ex-prefeita Rosalba Ciarlini observando tudo. Ela poderá ser candidata? Não diz que sim, nem que não. Quem acompanha o seu dia a dia, não aposta em aposentadoria. Mesmo o seu grupo tendo se fragilizado nas duas últimas eleições, quando ela perdeu a Prefeitura para Allyson (em 2020) e não renovou o mandato de Beto (em 2022), Rosalba sabe que ninguém na oposição tem mais voto do que ela.
É isso aí.